Rita Brandão fala sobre medo, ameaças e suposto dossiê com crimes cometidos por Lula Cabeleira

Segundo o inquérito da Polícia Civil, por volta da 1 hora, Fernando
Aldo deixou sua família no palanque da festa e disse que ia até o carro
para descansar um pouco. Ao chegar ao veículo, notou que um dos pneus
estava vazio e quando abriu a porta do carro foi rendido pelo soldado
Marlon, que efetuou nove disparos de pistola nove milímetros.
O atual prefeito de Delmiro Gouveia, Luiz Carlos Costa, o Lula
Cabeleira, e o deputado estadual Cícero Ferro constam no processo como
mandantes do crime. Ainda segundo a polícia, o crime foi encomendado em
setembro de 2007, pelo deputado Cícero Ferro, em sua própria casa.

Como foi para você ficar frente a frente com a pessoa que é acusada de ter mandado matar seu irmão?
Não me abalou em nada, em nada mesmo, pois Cícero Ferro para mim é insignificante.
Qual a postura do réu durante o depoimento?
“Cara de anjo”, como se não fosse autor de nada. Não me encarou em
momento algum. Ferro não disse nada. O advogado realizava
questionamentos, mas nenhum relacionado ao seu cliente.
O advogado de Ferro lhe interrogou?
Não questionou nada a respeito da participação de seu cliente, todos
seus argumentos eram direcionados a Junior Lisboa e Katia Lisboa que,
aliás, eu assegurei o tempo todo que eles não tinham nada a ver com o
caso de meu irmão.
Quem foi ouvido, além de você?
Rangel Brandão (irmão de Fernando), Cleriane (viúva), José de Sá Neto
– Netinho (Policial Civil, irmão da viúva), Guarda Municipal Braz e
Élcio Policial Civil.
Qual a relação dessas pessoas com o caso?
Todas são testemunhas de acusação do Ferro.
Como você classifica a audiência?
Consistente. Não gostei da atuação do advogado de defesa do Ferro. Ele quis redirecionar o foco da acusação.
Como era a relação entre você e Fernando Aldo?
Maravilhosa, apesar de ser mais novo que eu, ele sempre me lembrava dos ensinamentos dados pelos nossos pais.
Fernando chegou a falar que estava sendo ameaçado?
Muitas vezes. Inclusive, tenho cópias dos ofícios enviados às autoridades, à época pedindo segurança pessoal.
Você já foi ameaçada por algum dos acusados?
Só por Lula Cabeleira, umas três vezes, uma delas durante uma festa
de confraternização da Polícia Militar, onde eu estava participando, já
que meu Marido é PM. Ele tentou vir para cima de mim.
Você acredita que alguma dessas pessoas apontadas pela justiça podem não estar envolvidas no crime?
Todas têm envolvimento. Pode haver mais consistência se Marlon pedir
delação premiada e revelar tudo, como fizeram os outros acusados.
O nome de Lula Cabeleira foi retirado do processo por decisão judicial. Você acredita na inocência dele?
Nunca. Se existe um culpado nesse caso, na minha opinião é ele.Todos
os rumos do processo, nas provas colhidas pela polícia o nome dele é
citado como principal acusado. Motivos ele tinha.
Fernando Aldo chegou a falar sobre o Lula Cabeleira?
Sim e ele falou somente pra mim. Ele me falou sobre um dossiê que
contava tudo sobre supostos crimes cometidos por Lula Cabeleira.
Com quem estaria o documento?
Ele me disse que estava em um envelope amarelo na chácara dele, em
Delmiro, porém não o localizei, pois haviam vários do tipo na casa. Eu
sei quem fez o dossiê e essa pessoa disse que deletou do computador,
temendo alguma represália.
Você acredita que alguém pode ter sumido com o documento?
Eu não acredito, pois fui a primeira pessoa a entrar na chácara
depois da morte de meu irmão. Acredito que ele, o dossiê, ainda está lá
na chara entre muitos documentos em várias caixas.
O que você acha que estava escrito lá?
Segundo Fernando, relatava com muita precisão vários crimes cometidos
por Lula Cabeleira. Nele estão todas as informações contra Lula que,
segundo meu irmão, levariam a polícia a outros crimes praticados por
ele.
Por que os acusados teriam motivo para matar seu irmão e qual a relação deles com Fernando Aldo?
Por inveja. Tinham amizades falsas com meu irmão
Você teme por sua vida ao confrontar os acusados?
Sim. Eles fizeram isso com meu irmão, que era um policial e vereador, imagine comigo, uma simples servidora pública.
Você pediu alguma segurança?
Não. Não tem polícia nem para garantir a segurança da população, que é um direito básico, imagine exclusivamente só pra mim.
Fernando teria solicitado segurança particular?
Sim, inclusive à época, meu marido ficou assumindo a função, por
determinação do comando da PM e a pedido de Fernando, por ser uma pessoa
de sua confiança.
Por CadaMinuto com Jota Silva