25/10/2014

Com apoio e reconhecimento da prefeitura local, campanha É da Nossa Conta! deixa marcas contra o trabalho infantil em Inhapi (AL).


Através do trabalho da equipe do PDA Mandacaru e do projeto especial Promovendo Infância, evento foi um sucesso de publico e diversão para as crianças do município que puderam curtir um grande show de mágica como o mágico Rodrigo Lima.

Por: Ana Luísa Vieira, do Promenino, com Cidade Escola Aprendiz e Central do Sertão.
Fotos: Central do Sertão

Os outdoors espalhados pelas ruas de Inhapi, cidade de pouco mais de 18 mil habitantes localizada no sertão de Alagoas, já anunciavam a chegada da campanha É da Nossa Conta! 2014. Mas foi um debate promovido na quinta-feira (23), sobre o enfrentamento ao trabalho infantil e a importância do trabalho adolescente protegido, que reafirmou a passagem do projeto da Fundação Telefônica Vivo pelo município.
“Inhapi era uma antes do trabalho realizado pela ONG Visão Mundial, com o apoio da Fundação Telefônica Vivo. E Inhapi será outra depois desse trabalho, que vem se desenvolvendo nos últimos dois anos”, agradeceu o prefeito da cidade, José Cícero Vieira, referindo-se à parceria que mobiliza os moradores em busca da garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes. Trata-se do projeto Promovendo Infância, com oficinas de geração de renda para as famílias e atividades esportivas e educativas para a meninada no contraturno das escolas.
“No início era um pouco difícil. Havia muito desconhecimento. Hoje tudo mudou e é possível enxergar grandes avanços no município. Precisamos envolver toda a comunidade, incluindo o comércio, e estar de mãos dadas no combate aotrabalho infantil”, assegurou Vieira, ao relembrar também a importância da Lei de Aprendizagem para que garotos e garotas possam trabalhar apenas na condição de aprendizes a partir dos 14 anos.
De acordo com Rafaela Pontes, coordenadora do Promovendo Infância – programa que também atua no Recife e, desde 2011, tirou três mil crianças do trabalho – o debate sobre a campanha É da Nossa Conta!, que aconteceu no auditório da OAS e reuniu 212 participantes, foi um espelho das ações que vêm acontecendo em Inhapi. “Consigo perceber que temos uma rede importante, fruto de articulação e muito diálogo. Hoje, nesse debate, contamos com a presença de famílias, poder público, sociedade civil organizada, profissionais da educação.”
“É da nossa conta retirar as crianças de situações de trabalho, construindo assim um Brasil melhor e diferente”, concordou a gerente de negócios da Telefônica Vivo, Daniela Café.
Superando obstáculos
Durante a roda de conversa, a adolescente Jandilma Gomes Santos, de 16 anos, participante do Promovendo Infância, contou que nunca precisou trabalhar. “Meus pais sabiam que trabalho infantil é errado. Mas eu já vi muitas amigas minhas deixarem as atividades do projeto ou da escola para irem trabalhar”, lamentou.

Por outro lado, Maria Rosineide da Silva, representante do Sindicato de Pescadores e Pescadoras de Inhapi, relatou sua história de superação. “Aos 7 anos, eu já estava na enxada. Não pude estudar e só cursei até a 5ª série. Assim como o depoimento do vídeo [exibido no intervalo entre os debates], trabalhei em casa de família. Tudo isso me rendeu pensamentos negativos, escolhas erradas. Quando adulta, eu me matriculei na escola. Minha formatura aconteceu este ano”, disse, orgulhosa.
“Hoje é tempo de dizer não ao trabalho infantil. A gente sabe que há muita coisa a ser feita e desejamos que a campanha possa ser uma delas, servindo para quebrar paradigmas sobre esse tema”, concluiu Elísio Gomes, gerente da Visão Mundial (escritório do Recife) e integrante do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente.