13/08/2021

[REPORTAGENS ESPECIAIS] Saudades da minha terra!

 Um relato emocionante de quem foi forçado a deixar sua cidade natal, familiares e amigos em busca de uma vida melhor na cidade grande e as conseqüências do êxodo nordestino na vida de milhares de famílias pela sobrevivência.

Por: Marcio Martins

Eu vendo meu burro
Meu jegue e o cavalo
Nós vamo' a São Paulo
Viver ou morrer
(Ai, ai, ai, ai) 

Nós vamo' a São Paulo
Que a coisa 'tá feia
Por terras alheias
Nós vamo' vagar
(Meu Deus, meu Deus)

Se o nosso destino
Não for tão mesquinho
Daí pro mesmo cantinho
Nós torna a voltar
(Ai, ai, ai, ai)... 

(Trecho da música “Triste partida” de Luiz Gonzaga)

Qual nordestino que precisou deixar sua terra natal ou mesmo aqueles que viram seus familiares partirem para São Paulo/SP em busca de uma vida melhor, que um dia não se emocionou com os versos do Rei do Baião Luiz Gonzaga, retratados entre tantas músicas de sua autoria, na eterna canção da “TRISTE PARTIDA” aqui em partes retratada, ou mesmo das mães que na voz da dupla Zezé de Camargo e Luciano choraram e choram ao pé do rádio ao ouvir “NO DIA EM QUE EU SAÍ DE CASA”?

Agradeço a Deus pela oportunidade de viver, crescer, criar meus filhos e se for da permissão dele, morrer e ser enterrado na minha terra natal. Todavia, quem seria eu para falar com propriedade desse relevante tema se não vivi na pele esta triste realidade diferente de tantos sertanejos que independentemente do que conquistaram ou deixaram de conquistar longe de suas origens, o que mais queriam era ter tido as mesmas oportunidades em sua terra que milhares ainda continuam sendo forçados a buscar fora dela? Por esse motivo, é narrando um pouco da história de um amigo/irmão e conterrâneo, natural do povoado Queimada Redonda, município de Canapi, alto sertão de Alagoas, por nome de ANDRÉ DA SILVA, que também muito nos honra como Colunista deste site, que resolvi retratar um dos maiores DESAFIOS do Nordeste Brasileiro, o ÊXODO RURAL e URBANO da imensa maioria dos seus estados e principalmente dos pequenos municípios que não oferecem oportunidades de trabalho, profissionalização para os jovem e geração de emprego e renda a seus munícipes, muito menos aos jovens que se vêem forçados a deixar sua família em busca de uma vida melhor longe dela, e o pior e mais triste de tudo isso, é que muitos desses jovens jamais conseguem voltar, alguns por falta de condições financeiras de arcar se quer com o dinheiro de uma passagem que pode faltar para comprar o pão de cada dia, e, outros, que por fatalidade do destino, são vítimas de alguma tragédia ou mesmo da crueldade humana da violência nas grandes cidades. 

E o mais revoltante de tudo isso, é quando temos a certeza que o principal motivo que ocasiona esta “triste partida” é a ganância pelo poder das oligarquias e dos coronéis da política sertaneja que em detrimento da miséria e da falta de oportunidades para seu povo e de desenvolvimento de sua terra, se perpetuam no poder por gerações passadas de pai para filho e seus laranjas, que não investem de forma proposital em cultura, educação, esporte, profissionalização e geração de emprego e renda, mas sim na compra de votos, assistencialismo e de empregos precarizados negociados que manipulam o eleitor pela condição de miserabilidade, tornando-os eternos dependentes de uma política assistencialista escravizadora, afinal de contas, empoderar de conhecimento e independência financeira seria dar liberdade ao povo e dá liberdade ao povo, seria decretar o fim do coronelismo e do voto de cabresto que sustenta esse sistema perverso de dominação das massas que mantém o pobre cada vez mais pobre e os mandatários do poder cada vez mais ricos e “poderosos”. 

Por todo exposto e com muito mais a acrescentar ao relatar um pouco de sua trajetória de vida e sobre o que pensa sobre o Êxodo Nordestino dada sua experiência de vida em pouco mais de 12 anos distante de sua terra natal, em poucas palavras apresento a vocês um relato emocionante do canapiense André da Silva que inspirado por uma reportagem sobre jovens que seguiram o caminho oposto ao dele e de milhares de nordestinos, NÃO PRECISARAM SAIR DE SUA TERRA, uma vez que as políticas públicas se fazem presente onde moram. Confira! 

Tenho medo do "Êxodo Nordestino" das cidades pequenas que ainda persiste em pleno século XXI. 

Sou prova viva de que isso ainda está acontecendo nas cidades pequenas, principalmente no sertão nordestino, morava na cidade de Canapi-AL e há 12 anos tive que mudar para São Paulo em busca de trabalho. Faltam políticas públicas para reverter essa situação trágica onde o jovem termina o ensino médio e não tem oportunidade de trabalho onde mora, e tem que sair para as cidades grandes para buscar seus objetivos, buscar uma oportunidade de trabalho. Tem que deixar sua família, sua cidade e seu povoado para irem buscar seus objetivos em outros estados, isso é muito dolorido para nós e familiares. Conheço jovens talentosos que poderiam desenvolver, contribuir para a cidade com seus dons e talentos, mas infelizmente as políticas públicas e o poder público dessas cidades não olham para suas necessidades, não implantam meios para empregar esses jovens que tem muito a contribuir com o desenvolvimento da cidade. 

Que esse texto chegue aos governantes de todas as esferas, federal, estadual e municipal e olhem com bons olhos para esses jovens que querem trabalhar onde nasceram, e que não querem deixar seus familiares para irem para longe em busca de uma oportunidade de emprego. A sua cidade natal é rica, o que falta são políticas públicas e força de vontade dos governantes para gerar emprego e renda para todos.

[André da Silva]

Apesar da triste despedida dos familiares, dos amigos e da sua terra natal em busca de uma vida melhor, somado aos desafios que enfrentou para sobreviver na cidade grande, André que na adolescência e juventude trabalhou em um mercadinho e foi professor substituto, conseguiu vencer em São Paulo, não se tornou nenhum milionário, mas conseguiu sua tão sonhada estabilidade financeira e se casar com a mulher da sua vida, a Erieli, que conheceu pela internet sem se quer saber suas origens, até que conversa vai, conversa vem, descobriram que ambos eram do nordeste, e não só do nordeste, mas de Alagoas, e não só de Alagoas, mas da mesma cidade (Canapi) e não só Canapi, mas da zona rural do município, coisas do destino, uma história daquelas que só vemos no cinema, verdadeiras almas gêmeas que o destino tratou de unir. 

Técnico em Segurança do Trabalho pelo Centro Paula Souza e recepcionista em um Condomínio Comercial em São Paulo, André é também empreendedor, já sua esposa é contadora, o casal não tem filhos, mas segundo eles já está a caminho. Todavia, apesar de toda estabilidade financeira e familiar que inclusive tem proporcionado ao casal a possibilidade de todos os anos passar as férias em sua terra natal com seus familiares, amigos e conterrâneos, André sonha um dia voltar a morar e criar seus filhos na terrinha, bem como contribuir de alguma forma com seu município para que outros jovens não sejam obrigados a ter que passar por tudo que ele passou, pois apesar de ter conseguido vencer longe da família, infelizmente esta ainda é uma realidade distante da maioria dos nordestinos que trilharam o mesmo caminho. 

FAMÍLIA: PAI (In Memorian) / MÃE, Sogra e demais familiares

Cidadão como poucos que há mais de uma década mesmo distante tem lutado pelos direitos de sua comunidade e conterrâneos em geral, André além de tudo isso é um ser humano de um coração gigantesco que sempre que possível vem contribuindo com ações solidárias que transformam a vida das pessoas carentes do seu município, como o Projeto Casa Solidária que tornou o sonho da casa própria de pelo menos 04 famílias que residiam em casa de taipas nos municípios de Canapi e Inhapi, mas que graças ao projeto, seus coordenadores e colaboradores, hoje moram em suas sonhadas casas de alvenaria. 
Projeto Casa Solidária

Católico, daqueles que não ficam apenas dos discursos, mas que amam falar do amor de Deus e praticar o que pregam, André passou a integrar o quadro de colunistas do site Central do Sertão onde mantém a COLUNA: REFLEXÕES PARA A VIDA, um verdadeiro sucesso, um alívio para a alma de quem ler.

Servindo a comunidade na Igreja Católica

Agora que contei um pouco da história deste grande canapiense, desse nordestino arretado, confira alguns momentos que marcam sua vida retratada em algumas fotografias ao longo do tempo...

INFÂNCIA - Escola Manoel Rodrigues Gomes - Sítio Queimada Redonda/Canapi-AL

Férias em Canapi/AL

RECORDAÇÕES 1: Casa dos avós paternos, Bastião Marco e Dona Maria

RECORDAÇÕES 2: Escola onde estudou até a 4ª série 
Escola Manoel Rodrigues Gomes - Sítio Queimada Redonda/Canapi-AL

TRABALHO: Recepcionista em um Condomínio Comercial em SP

Prestigiando o Lançamento do Livro do Amigo, Conterrâneo e Jornalista Marcio Martins