07/02/2022

[DESCASO] Alunos de escola indígena da rede estadual iniciam ano letivo embaixo de um pé de cajueiro e de uma oca em Inhapi.


Realidade da Escola Estadual  Indígena Ancelmo Bispo de Souza com 200 alunos matriculados é o retrato do descaso da educação em Alagoas e do desrespeito aos povos indígenas.

Por: Redação/Marcio Martins \ Créditos: Cortesia Povo Koiupanká

Um completo descaso com a educação e uma falta de respeito enorme com os povos indígenas, marcam a gestão do Governador Renan Filho no alto sertão de Alagoas, mais precisamente  na Comunidade Indígena Povo Koiupanká em Inhapi, que nesta segunda-feira (07) com o início do Ano Letivo 2022, se deparou com uma situação no mínimo indignante, ao ver crianças e adolescentes da comunidade, alunos da rede estadual de ensino, sem um local digno para se abrigar e estudar. 

A realidade da Escola Estadual Indígena Ancelmo Bispo de Souza que dispõe de 200 alunos matriculados é o retrato do descaso da educação pública alagoana maquiada pelo Governo Estadual com propaganda, marketing político e distribuição de recursos de transferência direta para alunos em ano eleitoral, haja vista que as condições estruturais da escola indígena inhapiense chega a ser INACREDITÁVEL, afinal de contas, quem vê a propaganda do Governo Renan Filho sobre os investimentos em educação no estado, jamais imaginaria que em 2022 ainda fosse possível constatar que uma escola com 200 alunos, só continua funcionando porque conta com casas cedidas pelos moradores da própria comunidade, mas que crianças ocupam parte do espaço da cozinha como sala de aula e que pelo menos uma turma da escola já não tem mais se quer um teto para estudar, tendo em vista que uma das casas cedidas pelos moradores foi pedida pelo proprietário, pois acreditem... de acordo com a direção da escola, foram pelo menos 03 anos que os proprietários das casas cedidas esperaram a promessa do Governo Estadual de alugar os imóveis até a construção de uma escola que desde meados de 2021 está licitada e com o terreno doado pela prefeitura ainda na gestão municipal anterior.

"Hoje foi essa casa de uma das turmas da escola, e amanhã podem ser as outras, até que todos os alunos tenham que estudar ao relento como aconteceu hoje com uma das turmas" - Desabafou uma das professora da unidade de ensino. 

Com a desocupação de um dos imóveis na manhã desta segunda-feira (07) data do início do ano letivo em toda rede estadual de ensino,  a turma desabrigada, acabou assistindo aula embaixo de um pé de cajueiro e uma Oca.

Vale destacar que a Escola Estadual Indígena Ancelmo Bispo de Souza foi instituída no ano de 2006, mas apesar disso, já se passaram longos 16 anos e nunca foi construído prédio escolar na comunidade, ficando apenas na promessa. 

O que diz a 11° GERE

Através do Jornalista Marcio Martins, nossa equipe de redação consegui contato com o Professor Jeogenes Ferreira, Coordenador da 11°  Gerência regional de Ensino localizada no município de Piranhas responsável pelas escolas estaduais de todo o alto sertão alagoano que compreende os municípios de Água Branca, Canapi, Delmiro Gouveia, Inhapi, Olho d'água do casado, Pariconha e Piranhas. De acordo com o coordenador, o processo de licitação para o início das obras para construção da escola, estão bem adiantadas e que o estado já se propôs a alugar o imóvel que tiver na comunidade ou fora dela para abrigar a turma da casa que foi desocupada. Disse ainda, que a escola recebeu R$: 100 mil reais do programa Escola 10 e que o início do ano letivo na localidade só deveria ser iniciado após o abrigamento de todos os alunos. Por fim, relatou que já havia entrado em contato com o diretor da referida escola e que até o início da próxima semana deverá ser apresentada uma solução temporária até a construção da escola licitada. 

Vale destacar, que de acordo com o diretor da Escola Indígena Estadual Ancelmo Bispo de Souza, os R$: 100 mil reais recebidos pela unidade de ensino foram para investimentos em equipamentos para a escola e alguns reparos, vedado qualquer tipo de construção ou até mesmo de reforma, até porque os imóveis ocupados não pertencem ao estado.