18/11/2015

Santana do Ipanema confirma dois casos de microcefalia em novembro

Sesau diz desconhecer casos e só confirma três casos ocorridos no começo do ano

Imagem;Ilustrativa
A grande quantidade de casos de bebês que nasceram com microcefalia recentemente em estados do Nordeste acendeu o alerta vermelho do Ministério da Saúde e de secretarias municipais de saúde. Apesar de a Secretaria de Estado da Saúde Alagoas (Sesau) confirmar apenas três casos da doença em 2015, todos no início do ano, o município de Santana do Ipanema registrou dois casos na semana passada e investiga se os casos possuem alguma ligação com o vírus da Zika.
O CadaMinuto recebeu uma denúncia dando conta de que haviam cidades que tinham registrado bebês nascidos com microcefalia. Santana do Ipanema, que fica 207 km da capital, confirmou que registrou dois casos na última semana. A secretária municipal de Saúde do município, Petrúcia Matos, disse que as informações chegaram ao conhecimento da pasta no final de semana passado e que os casos foram notificados e comunicados à Sesau. Ela também falou que o município não tinha histórico da doença e a duas ocorrências preocupam, mesmo sendo poucas.
“A gente disponibiliza o atendimento pré-natal, todos os exames, ultrassom gestacional, então com certeza se tiver novos casos iremos notificar. Nós temos uma cota para ultrassom, uma médica só para atender casos de risco e um serviço que faz a ultrassom morfológica. Ainda não sei como será essa questão de intensificação [de exames], mas vamos nos reunir para ver como isso se intensificará, ver qual o apoio que a Secretaria [Sesau] pode dar ao município”, afirmou.
Já a coordenadora municipal de vigilância sanitária, Cibele Azevedo, disse que somente os exames irão diagnosticar se os casos de microcefalia possuem ligação com o vírus Zika ou se eles ocorreram devido a outro problema. Uma reunião ainda esta semana com todos os profissionais da saúde que atuam no município vai traçar estratégias para viabilizar um levantamento entre as gestantes que estão no início da gravidez e descartar outros casos. Cibele disse também que serão revisados todos os atestados de nascidos vivos, para apurar se nenhum dos bebês nascidos recentemente está com a doença.
“Essas crianças com microcefalia nasceram no começo da semana passada. Quando a notícia chegou até a gente e eu fui visitar, eles já tinham cinco dias de nascidos. A microcefalia não é uma coisa que acontece frequentemente. Por conta dos casos nos outros estados, a gente acha que pode ter sido isso também [zika]. Ontem a gente realizou coleta de sangue tanto das crianças quanto das mães e estamos esperando as tomografias. A conduta orienta que façamos os exames virais e a tomografia para descartar possível infecção viral ou não. O hospital já comunicou ao Lacen [Laboratório Central de Saúde Pública de Alagoas] e estamos seguindo o protocolo de Pernambuco, de como devemos proceder. Já aconteceram outros casos em outros anos, mas é muito raro. Vamos fazer um levantamento dos últimos cinco anos para ver se houve registro de casos. O Lacen está nos ajudando e vamos identificar as mulheres que podem ter a doença no início da gravidez para evitar que elas adoeçam”, esclareceu.
O CadaMinuto também recebeu informações de que casos de microcefalia foram registrado em Arapiraca e Girau do Ponciano, porém a informação não foi confirmada. O Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Alagoas (Cosems) disse, por meio de sua assessoria de comunicação que não tem conhecimento de casos no estado. O presidente do Conselho, Ubiratan Pedrosa, não atendeu nossas ligações.
Também por meio da assessoria de comunicação, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) informou que de janeiro a 17 de novembro de 2015 apenas três casos foram notificados e que todos eles ocorreram no início do ano.
“Os dados não representam anormalidade, já que nos últimos anos a média foi de 2,9 casos por ano. E também os casos ocorridos no estado não tiveram vinculação com o zika vírus e chikungunya, já que todos os bebês nasceram com desnutrição, que é uma das causas para a microcefalia. Para se ter ideia, em 2009 foram notificados 7 casos em alagoas e naquele ano não existia no estado os vírus da zika e da chikungunya. Prova que os casos de microcefalia registrados em alagoas este ano não podem ser vinculados a estas doenças”, afirma a Sesau no comunicado enviado ao CadaMinuto.
Em nota, a Sesau também informou que está em alerta permanente junto aos hospitais públicos e privados de Alagoas, que realizam atendimento materno infantil, para que informem imediatamente os casos de crianças que venham a nascer com microcefalia, para que os casos sejam investigados. A nota diz ainda que em 10 anos foram registrados 29 casos da doença no estado, que podem estar ligados a diversos fatores, como complicações na gravidez ou no parto, além de exposição a drogas, álcool e certos produtos químicos na gravidez.
O surto no Nordeste
O aumento de casos de microcefalia começaram em agosto. A doença é uma má formação congênita e os bebês que possuem a anomalia apresentam um perímetro cefálico menor que o normal, que quando normal é superior a 33 centímetros.
Em Pernambuco foram notificados 141 casos e a Secretaria de Saúde confirmou oficialmente 89. No Rio de Grande do Norte a Secretaria de Saúde informou que em todos os 30 casos do estado as mães relataram sintomas compatíveis com o Zika vírus. No Piauí, 11 bebês nasceram com microcefalia, dez casos nas últimas três semanas. A Paraíba confirmou três casos e Sergipe 29 casos este ano.
O Ministério da Saúde divulgou um conjunto de orientações e decretou situação de emergência. O jornal Estado de São Paulo divulgou que o resultado preliminar de exames em dois fetos d Campina Grande (PB) com microcefalia revelam a infecção por zika vírus. Até o momento, foram notificados 399 casos da doença em recém-nascidos de sete estados da região Nordeste.
Num boletim epidemiológico divulgado nesta terça-feira (17), o Ministério diz que a Fiocruz, que participa das investigações, notificou que o Laboratório de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz concluiu diagnósticos que constataram a presença do genoma do vírus Zika em amostras de duas gestantes da Paraíba, cujos fetos foram confirmados com microcefalia através de exames de ultrassonografia. O material genético (RNA) do vírus foi detectado em amostras de líquido amniótico, com o uso da técnica de RT-PCR em tempo real.
“Apesar de ser um achado científico importante para o entendimento da infecção por Zika vírus em humanos, os dados atuais não permitem correlacionar inequivocamente, de forma causal, a infecção pelo Zika com a microcefalia. Tal esclarecimento se dará por estudos coordenados pelo Ministério e outras instituições envolvidas na investigação das causas de microcefalia no país. O Ministério da Saúde está tratando deste assunto com a prioridade e responsabilidade que o tema exige, dando transparência aos dados e às informações, com previsão de divulgação semanal do boletim epidemiológico da doença”, diz outro trecho.
FONTE: cadaminuto