Sesau diz desconhecer casos e só confirma três casos ocorridos no começo do ano
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Imagem;Ilustrativa |
A
grande quantidade de casos de bebês que nasceram com microcefalia
recentemente em estados do Nordeste acendeu o alerta vermelho do
Ministério da Saúde e de secretarias municipais de saúde. Apesar de a
Secretaria de Estado da Saúde Alagoas (Sesau) confirmar apenas três
casos da doença em 2015, todos no início do ano, o município de Santana
do Ipanema registrou dois casos na semana passada e investiga se os
casos possuem alguma ligação com o vírus da Zika.
O
CadaMinuto recebeu uma denúncia dando conta de que haviam cidades que
tinham registrado bebês nascidos com microcefalia. Santana do Ipanema,
que fica 207 km da capital, confirmou que registrou dois casos na última
semana. A secretária municipal de Saúde do município, Petrúcia Matos,
disse que as informações chegaram ao conhecimento da pasta no final de
semana passado e que os casos foram notificados e comunicados à Sesau.
Ela também falou que o município não tinha histórico da doença e a duas
ocorrências preocupam, mesmo sendo poucas.
“A
gente disponibiliza o atendimento pré-natal, todos os exames, ultrassom
gestacional, então com certeza se tiver novos casos iremos notificar.
Nós temos uma cota para ultrassom, uma médica só para atender casos de
risco e um serviço que faz a ultrassom morfológica. Ainda não sei como
será essa questão de intensificação [de exames], mas vamos nos reunir
para ver como isso se intensificará, ver qual o apoio que a Secretaria
[Sesau] pode dar ao município”, afirmou.
Já
a coordenadora municipal de vigilância sanitária, Cibele Azevedo, disse
que somente os exames irão diagnosticar se os casos de microcefalia
possuem ligação com o vírus Zika ou se eles ocorreram devido a outro
problema. Uma reunião ainda esta semana com todos os profissionais da
saúde que atuam no município vai traçar estratégias para viabilizar um
levantamento entre as gestantes que estão no início da gravidez e
descartar outros casos. Cibele disse também que serão revisados todos os
atestados de nascidos vivos, para apurar se nenhum dos bebês nascidos
recentemente está com a doença.
“Essas
crianças com microcefalia nasceram no começo da semana passada. Quando a
notícia chegou até a gente e eu fui visitar, eles já tinham cinco dias
de nascidos. A microcefalia não é uma coisa que acontece frequentemente.
Por conta dos casos nos outros estados, a gente acha que pode ter sido
isso também [zika]. Ontem a gente realizou coleta de sangue tanto das
crianças quanto das mães e estamos esperando as tomografias. A conduta
orienta que façamos os exames virais e a tomografia para descartar
possível infecção viral ou não. O hospital já comunicou ao Lacen
[Laboratório Central de Saúde Pública de Alagoas] e estamos seguindo o
protocolo de Pernambuco, de como devemos proceder. Já aconteceram outros
casos em outros anos, mas é muito raro. Vamos fazer um levantamento dos
últimos cinco anos para ver se houve registro de casos. O Lacen está
nos ajudando e vamos identificar as mulheres que podem ter a doença no
início da gravidez para evitar que elas adoeçam”, esclareceu.
O
CadaMinuto também recebeu informações de que casos de microcefalia
foram registrado em Arapiraca e Girau do Ponciano, porém a informação
não foi confirmada. O Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de
Alagoas (Cosems) disse, por meio de sua assessoria de comunicação que
não tem conhecimento de casos no estado. O presidente do Conselho,
Ubiratan Pedrosa, não atendeu nossas ligações.
Também
por meio da assessoria de comunicação, a Secretaria de Estado da Saúde
(Sesau) informou que de janeiro a 17 de novembro de 2015 apenas três
casos foram notificados e que todos eles ocorreram no início do ano.
“Os
dados não representam anormalidade, já que nos últimos anos a média foi
de 2,9 casos por ano. E também os casos ocorridos no estado não tiveram
vinculação com o zika vírus e chikungunya, já que todos os bebês
nasceram com desnutrição, que é uma das causas para a microcefalia. Para
se ter ideia, em 2009 foram notificados 7 casos em alagoas e naquele
ano não existia no estado os vírus da zika e da chikungunya. Prova que
os casos de microcefalia registrados em alagoas este ano não podem ser
vinculados a estas doenças”, afirma a Sesau no comunicado enviado ao
CadaMinuto.
Em
nota, a Sesau também informou que está em alerta permanente junto aos
hospitais públicos e privados de Alagoas, que realizam atendimento
materno infantil, para que informem imediatamente os casos de crianças
que venham a nascer com microcefalia, para que os casos sejam
investigados. A nota diz ainda que em 10 anos foram registrados 29 casos
da doença no estado, que podem estar ligados a diversos fatores, como
complicações na gravidez ou no parto, além de exposição a drogas, álcool
e certos produtos químicos na gravidez.
O surto no Nordeste
O
aumento de casos de microcefalia começaram em agosto. A doença é uma má
formação congênita e os bebês que possuem a anomalia apresentam um
perímetro cefálico menor que o normal, que quando normal é superior a 33
centímetros.
Em
Pernambuco foram notificados 141 casos e a Secretaria de Saúde
confirmou oficialmente 89. No Rio de Grande do Norte a Secretaria de
Saúde informou que em todos os 30 casos do estado as mães relataram
sintomas compatíveis com o Zika vírus. No Piauí, 11 bebês nasceram com
microcefalia, dez casos nas últimas três semanas. A Paraíba confirmou
três casos e Sergipe 29 casos este ano.
O
Ministério da Saúde divulgou um conjunto de orientações e decretou
situação de emergência. O jornal Estado de São Paulo divulgou que o
resultado preliminar de exames em dois fetos d Campina Grande (PB) com
microcefalia revelam a infecção por zika vírus. Até o momento, foram
notificados 399 casos da doença em recém-nascidos de sete estados da
região Nordeste.
Num
boletim epidemiológico divulgado nesta terça-feira (17), o Ministério
diz que a Fiocruz, que participa das investigações, notificou que o
Laboratório de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz concluiu
diagnósticos que constataram a presença do genoma do vírus Zika em
amostras de duas gestantes da Paraíba, cujos fetos foram confirmados com
microcefalia através de exames de ultrassonografia. O material genético
(RNA) do vírus foi detectado em amostras de líquido amniótico, com o
uso da técnica de RT-PCR em tempo real.
“Apesar
de ser um achado científico importante para o entendimento da infecção
por Zika vírus em humanos, os dados atuais não permitem correlacionar
inequivocamente, de forma causal, a infecção pelo Zika com a
microcefalia. Tal esclarecimento se dará por estudos coordenados pelo
Ministério e outras instituições envolvidas na investigação das causas
de microcefalia no país. O Ministério da Saúde está tratando deste
assunto com a prioridade e responsabilidade que o tema exige, dando
transparência aos dados e às informações, com previsão de divulgação
semanal do boletim epidemiológico da doença”, diz outro trecho.
FONTE: cadaminuto