Por
Marcio Martins
Por muito tempo o título de “ouro
branco do sertão” foi do ALGODÃO, não por menos, em 1974 a produção arbórea no
Brasil, chegou somente no semiárido nordestino, a representar um quarto da
produção nacional, ocupando mais da metade da área colhida no país. Contudo,
pouco tempo depois ainda na década de 1980 uma praga que teve como carrasco um
inseto denonimado (bicudo-do-algodoeiro) devastou cerca de 60% da área plantada
no Brasil, destruindo plantações inteiras no nordeste, o que resultou na
extinção de 800 mil postos de trabalho, ocasionando um impacto financeiro
negativo incalculável. Muito embora anos mais tarde a cultura tenha ressurgido
na região, a alta competitividade com as lavouras do cerrado entre outros
fatores, fez da produção algodoeira algo irrelevante para a economia do
semiárido nordestino.
Sem o cultivo do algodão, o
trabalhador nordestino teve que se reinventar, e o seu principal meio de
sobrevivência veio com o aumento no plantio de outras culturas já cultivadas no
semiárido nordestino, em especial do milho e do feijão, porém, a seca ao longo
dos anos também fez praticamente desaparecer a produção na região,
principalmente no tocante a comercialização. Todavia, apesar da seca, quem
diria que seria na pecuária, principalmente na criação de gado, que os
sertanejos se reinventariam mais uma vez, em especial com a criação de vacas
leiteiras? Quem diria que o título de “ouro branco do sertão” que um dia foi do
algodão passaria a ter um novo dono?
E é aqui que começa a nossa viagem pelo
alto sertão do estado de Alagoas compreendido por 08 (oito) municípios; (Água
Branca, Canapi, Delmiro Gouveia, Inhapi, Mata Grande, Olho d’água do Casado,
Pariconha e Piranhas) que juntos totalizam uma população de 163.952 (hab.)
segundo dados prévios do Censo/IBGE 2022. Municípios onde a cadeia produtiva do
leite movimenta a economia e com o apoio do Banco do Nordeste mantém viva a
produção leiteira que sustenta os lares de centenas de famílias na região e
aquece o comércio local em municípios marcados pela politicagem coronelista que
ainda impera no sertão e que mantém seu povo carente de tudo, mas
principalmente da geração de emprego e renda que os torna cada vez mais
dependentes das migalhas da classe política.
O ponto de partida
EMATER/AL - Instituto de Inovação
para o Desenvolvimento Rural Sustentável de Alagoas.
Minha primeira parada foi na cidade de
Delmiro Gouveia, considerada a “capital do alto sertão alagoano”, município
distante 302 km da capital Maceió. É em Delmiro Gouveia que está localizada a
sede regional da EMATER/AL -Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural
Sustentável de Alagoas, responsável por realizar pesquisas agropecuárias,
prestar assistência técnica, geração e adaptação de tecnologias por meio de metodologias
educativas e participavas, contribuindo para a promoção do desenvolvimento
rural sustentável em todo o estado.
Na oportunidade, conversei com o
Zootecnista Araken Gonzaga e o Engenheiro Agrônomo Antônio Gabriel que falaram
sobre a assistência técnica que o instituto tem ofertado aos produtores do alto
sertão alagoano, desde as orientações para emissão do CAR – Cadastro Ambiental
Rural, passando pelo Garantia Safra que faz parte das ações do Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) que tem como
objetivo garantir condições mínimas de sobrevivência aos agricultores
familiares de Municípios sistematicamente sujeitos a perda severa de safra por
razão do fenômeno da estiagem ou excesso hídrico, o PAA – Programa de Aquisição
de Alimentos que tem por finalidade promover o acesso à alimentação e
incentivar a agricultura familiar, além de ser um programa que contribui para o
escoamento da produção agrícola e o CAF – Cadastro Nacional da Agricultura
Familiar, que é porta de entrada para acesso ao crédito, principalmente junto
ao Banco do Nordeste.
Atualmente a Emater (Regional Alto
Sertão), conta com a seguinte equipe técnica: 01 Supervisora regional, 01
Assistente Social, 02 Zootecnistas, 06 Engenheiros Agrônomos e 03 Técnicos Agrícolas.
O instituto conta ainda com três sedes próprias em Canapi, Delmiro Gouveia e
Piranhas e imóveis e ou salas cedidas nos demais municípios da regional.
Sistemas Agropecuários Sustentáveis na
Bovinocultura de Leite
Fonte de financiamento: Banco do Nordeste
O apoio da Emater também tem sido
indispensável com relação à cadeia produtiva do leite na região, desde a
assistência técnica e o acompanhamento feito junto aos produtores, a elaboração
de projetos, com destaque para o Projeto “Sistemas Agropecuários Sustentáveis
na Bovinocultura de Leite” que visa contribuir com a sustentabilidade da
bovinocultura leiteira no sertão alagoano através da difusão de tecnologias com
ênfase na produção, conservação e armazenamento de suporte forrageiro e bancos
com proteínas com plantas nativas e/ou adaptadas ao semiárido.
De acordo com a Supervisora Regional
da Emater no alto sertão Tânia Costa, a proposta é implantar 45 Sistemas
Agropecuários Sustentáveis (SAS), sendo 05 unidades de demonstração (UD) com o
cultivo integrado de gliricidia, palma forrageira, bem como o cultivo de
espécies nativas da caatinga (andu, jurema preta, etc).
As UDs serão espaços coletivos de
construção de conhecimento e troca de saberes técnicos e empíricos. Os
agricultores participarão de oficinas, intercâmbios e dias de campo para a
construção, troca de saberes e consolidação do conhecimento sobre o SAS, além
de receber assistência técnica durante todo o período do projeto.
Além da supervisora, a Assistente
Social Thaniely, que integra o corpo técnico da Emater na região, também contribuiu para a construção do mencionado projeto que atualmente está em
fase final de análise pelo Banco do Nordeste para liberação de R$: 500.000,00
(Quinhentos mil reais) em atendimento aos produtores dos municípios de Canapi,
Delmiro Gouveia, Inhapi, Mata Grande e Piranhas).
“Um dos maiores gargalos na
bovinocultura leiteira é justamente a produtividade por conta da qualidade
alimentar dos rebanhos. Por isso esse projeto foi pensado justamente visando
melhorar essa qualidade nutricional das vacas leiteiras para contribuir com o
aumento da produção de leite”, explicou Thaniely
Produção Leiteira
De acordo com o Censo Agropecuário
(IBGE/2017), somente em 05 dos 08 municípios que integram o alto sertão
alagoano (Canapi, Delmiro Gouveia, Inhapi, Mata Grande e Piranhas) foram
registrados 1.789 estabelecimentos rurais que produzem leite com um rebanho de
7.411 vacas, produzindo 17.466.000 litros de leite/ano. Destaque para o município
de Canapi com 15.434 hab. (prévia Censo/IBGE 2022) cuja produção chega a
superar a soma de todos os outros sete municípios alto sertanejos conforme pude
constatar em conversa com o gerente de captação da Natville para o estado de
Alagoas Ricardo Andrade Dantas, que representa uma das maiores empresas de
captação de leite do nordeste.
Maior captadora de leite na região, a
Natville, compra dos produtores do alto sertão alagoano 339,4 mil litros de
leite por semana, sendo 195 mil somente em Canapi. A empresa mantém 102 tanques
em regime de comodato na região, atendendo 108 do quantitativo aproximado de
1.000 produtores em todo Estado de Alagoas, presente em 29 municípios, onde são injetados R$: 5.940.000,00 (Cinco milhões,
novecentos e quarenta mil reais) por semana, mais precisamente toda sexta-feira
(dia de pagamento da empresa). Em resumo, são mais de R$: 300 milhões de reais
por ano. Dinheiro que além de gerar renda para milhares de produtores, gera
riquezas para os municípios, movimentado toda a cadeia do comércio local.
A Natville tem captação em seu estado
onde está localizada a Matriz em (Sergipe), e nos estados da Bahia e Alagoas,
com três fábricas em Sergipe e uma em Alagoas no município de União dos
Palmares, para onde é destinado 900.000 litros de leite por dia, 354 mil
somente em Alagoas, captados de 600 produtores diretos (que tem tanque individual),
como também cerca de 42 pontos coletivos de micro produtores, chegando a mais
de 400 microprodutores atendidos através de associações e taques coletivos.
E não para por ai! Recentemente a
Natville anunciou a construção de mais uma fabrica em Alagoas, desta vez no
município de Batalha no sertão do estado, um investimento na ordem de R$: 500
milhões de reais que vai gerar entre 300 e 400 empregos diretos na região. Já a
captação que atualmente é de 150 mil litros de leite/dia na fábrica de União
dos Palmares deve chegar a 400 mil litros/dia com a instalação da nova fábrica
em Batalha.
“O nosso compromisso é fomentar e
fortalecer os produtores de leite do estado de Alagoas, através do nosso
compromisso com a pontualidade de pagamento, aliado a preços justos pago ao
produtor através do nosso programa de qualidade”, disse
Ricardo Andrade.
Outros agentes de captação
E se a produção leiteira captada pela
Natville já é bastante expressiva na região alto sertaneja, ela se torna ainda
maior quando somada aos demais agentes de captação, a exemplo da CPLA –
Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas que no município de Piranhas, por
exemplo, faz a captação de aproximadamente 13 mil litros de leite por semana
vendido pela Cooperativa de Leite e Mel da Agricultura Familiar criada em 2022
na comunidade de Picos. No total a CPLA capta 70 mil litros por semana na região, onde mantem 15 tanques em regime de comodato nos municípios de Canapi, Inhapi, Mata Grande e Piranhas.
A união que gera renda e transforma
vidas
Conhecendo a cooperativa de leite e
mel do alto sertão de Alagoas.
Ainda “engatinhando” com menos de um
ano de fundação, a Cooperativa de Leite e Mel da Agricultura Familiar
localizada no município de Piranhas conta com 100 cooperados e 06 tanques de
captação de leite espalhados entre os municípios de Piranhas, Olho d’água do
Casado e São José da Tapera. Estas e outras informações foram repassadas pelo
representante da Cooperativa, o popular Alexandre Juniô, que questionado sobre
qual seria a maior dificuldade para manter a cooperativa de “pé”, disse que o
segredo está na organização dos cooperados, pois é preciso que os produtores
entendam o que é cooperativismo, cujo foco é unir forças para produzir e gerar
renda para todos, se ajudando mutuamente, sempre primando pela confiança entre
os cooperados e a diretoria, e vice e versa.
“Aqui a gente começou com a
produção de leite, ai quando criamos à cooperativa, já estávamos organizados
com a quantidade de produtor de leite já trabalhando junto. Éramos da
associação e passamos todos para cooperativa, o que não nos trouxe muita dificuldade
pois como falei, já estávamos organizados, mas se a cooperativa não tiver os
cooperados organizados para você conseguir levantar ela, não dá certo! Em
primeiro lugar tem que haver confiança nos cooperados e os cooperados confiança
em você, pois se os cooperados não tiverem confiança no presidente começam a se
desmotivar e não dá certo, o que graças a Deus não é o nosso caso, pois estamos
unidos”, explicou Juniô.
Parceria com o SEBRAE
Ao logo dos meses a Cooperativa tem
firmado parcerias importantes para capacitar os cooperados, a foto em destaque
foi feita durante uma capacitação do SEBRAE sobre produção, beneficiamento e
comercialização de alimentos.
Comercialização\Geração de emprego e
renda
Além do leite que é o “carro forte” da
cooperativa, nela também é comercializado o beneficiamento do mel de abelha.
Todavia, a produção vem se expandindo em variedades... “Recentemente
ganhamos uma chamada pública da Prefeitura de Piranhas para fornecer coentro,
cebola, batata, banana e outros alimentos para a merenda escolar. Também temos
a intenção de vender para o comércio local e da região, para isso, estamos com
um projeto de construção de uma cozinha industrial para atender a demanda”,
disse Juniô.
Torneio Leiteiro
Alexandre Juniô também falou sobre o
4º Torneio Leiteiro que será realizado este ano (2023) com o nome Torneio
Leiteiro da Agricultura Familiar do Alto Sertão que nasceu ainda quando a
Cooperativa era Associação. Esse será o primeiro ano que o evento será
realizado pela Cooperativa na comunidade de Picos, zona rural do município de
Piranhas entre os dias 28 e 30 de Setembro.
Impacto da Bovinocultura do Leite no
Comércio Local e Regional
Ainda no município de Delmiro Gouveia,
visitei uma das filiais do Grupo COAGRO, empresa com mais de 30 anos de
fundação, responsável pela distribuição e varejo de produtos agrícolas e
veterinários, especializada no mercado de cana-de-açúcar, de milho, de
pastagem, de hortifrúti e na Pecuária. Com 20 filiais espalhadas pelo nordeste,
a COAGRO chegou a Delmiro Gouveia justamente por acreditar no
potencial agrícola e pecuário do município e região, gerando emprego e renda
para alguns trabalhadores alto sertanejos, como é o caso do Engenheiro Agrônomo
Everton Rafael que falou como a bovinocultura do leite tem impactado nas vendas
da empresa, de acordo com o profissional, 70% do que é vendido pela CROAGO em
Delmiro Gouveia tem como cliente os produtores de leite da região. Além de
Rafael, a empresa conta com outros 04 funcionários. Ele também conta que estava
há um ano e meio desempregado e a COAGRO surgiu como uma grande oportunidade de
colocar seus conhecimentos em prática e sua experiência trazida do seu último
emprego. “Estou muito feliz em poder contribuir com o que aprendi e vê assim
meu trabalho reconhecido. Feliz também por todo aprendizado prático que a
COAGRO tem me possibilitado e por ver a agricultura e a pecuária da nossa
região crescendo e se desenvolvendo”, disse.
Canal
do Sertão
O Canal do Sertão é a maior e mais
moderna obra de infraestrutura hídrica do Estado de Alagoas com extensão projetada
250 km, começa no município de Delmiro Gouveia e está previsto para terminar no
município de Arapiraca visando atender a população que mais sofre com o fenômeno
da seca no semiárido alagoano, bem como promover a melhoria na produtividade
agrícola da região por meio da irrigação. O Canal foi concebido para beneficiar
a região do semiárido alagoano por meio da irrigação. O projeto busca a
celebração de parceria com o setor privado para operação, conservação e
manutenção do Canal, bem como para exploração de seus usos, com vistas ao
desenvolvimento de atividades produtivas e industriais.
A bem da verdade, é tudo muito bonito
no papel, pois, pelo menos na região do alto sertão a realidade é de completa
falta de investimento em políticas públicas voltadas a fazer cumprir a teoria
da finalidade e dos objetivos do projeto. Poucas são as famílias que conseguem
produzir e gerar renda proveniente
dos benefícios das águas do
canal, o doce de
leite e a manteiga. como no caso da família do casal Dinho e Mazé e seus três
filhos residentes no sítio Caraunã zona rural do município de Água Branca que
em 2022 foram acompanhados pelo técnico da Emater Isaquiel Dias e assim conseguiram
se tornar exemplo para o governo de que é possível transformar vidas através
das águas do São Francisco que passam pelo canal quando se tem compromisso com
a população.
Com apenas 05 vacas leiteiras o casal
produz 60 litros de leite por dia, vendido a uma cooperativa que entrega para a
Natville. De acordo com Isaquiel, a comercialização do leite é a principal e
única renda da família (a exceção do beneficio social do Governo Federal o
Bolsa Família). Dinho e Mazé ainda consomem os produtos derivados do leite
feitos em casa, como o queijo, o doce de leite e a manteiga.
Visita aos produtores
Sendo Canapi o município com a maior
produção leiteira do alto sertão alagoano, resolvi visitar alguns produtores da
zona rural, a começar pelas Fazendas São Francisco e Nova Esperança no sitio
logrador de propriedade do produtor Mauro Dayrton, que atualmente produz em
média 400 litros de leite\dia e que já chegou a produzir 500L, emprega 02
trabalhadores, sendo um deles morador da propriedade com sua esposa e 04 dos
seus 06 filhos.
Dayrton conta com um rebanho de 50
vacas, 30 delas produzindo leite diariamente, todas cuidadas por ele e por seus
funcionários que também zelam do touro e dos bezerros, assim como da manutenção
das fazendas.
O leite é produzido na Fazenda São
Francisco de manhã e a tarde com o auxilio da ordenha mecânica e armazenado no
tanque cedido pela Natville que compra o leite e recolhe a cada dois dias ao
preço que varia entre R$: 2,00 e 2,20 o litro a depender do controle de
qualidade feito pela Natville.
O apoio do Banco do Nordeste
Para fomentar e aumentar a produção,
bem como melhorar a qualidade do leite produzido na fazenda, Dayrton conta que
o apoio do Banco do Nordeste foi fundamental. Através do Fundo Constitucional de
Financiamento do Nordeste (FNE) o produtor recebeu R$:
185 mil reais, que utilizou para compra de 14 vacas, 01 reprodutor, 07 hectares
de palma e 1.500 metros de cerca. O FNE financia investimentos de longo prazo
e, complementarmente, capital de giro ou custeio. Abrangendo os diversos
setores da economia, como o agropecuário, industrial, agroindustrial, turismo,
comércio, serviços, cultural, infraestrutura, dentre outros. O fundo atende a
mais de 02 mil municípios, é o principal instrumento financeiro da Política
Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) para a Região e um dos pilares do
Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste (PRDNE). Tem por objetivo reduzir
as desigualdades sociais e regionais preconizada pela Constituição Federal
brasileira, suscitando a existência de políticas públicas que promovam a
diminuição das diferenças inter e intrarregionais, mediante a democratização de
investimentos produtivos que impulsionem o desenvolvimento econômico com a
correspondente geração de emprego e renda.
Beneficiamento do leite pelos pequenos
produtores\Geração de renda
A Fazenda São Francisco não trabalha
com a comercialização de derivados do leite, mas bem próximo a ela, ainda no
sitio logrador, encontramos Dona Luciene, que tira leite de apenas 02 vaquinhas
que tem em sua pequena propriedade e que usa parte desse leite para produzir
queijo, fazer bolo e o principal, a deliciosa manteiga de gado, de onde a
trabalhadora rural complementa a renda da família.
O apoio incondicional do Banco do
Nordeste
Desde a visita a sede da Emater onde
pude conversar com os técnicos, passando pela cooperativa, pelos representantes
das empresas Natville e COAGRO até chegar os produtores e micro produtores,
todos foram unânimes em afirmar o quão fundamental é o apoio do Banco do
Nordeste para o fortalecimento da produção e na geração de emprego e renda de
centenas de famílias do alto sertão alagoano, financiando a agricultura e a
pecuária, em especial a bovinocultura do leite na região.
Com o objetivo de conhecer um pouco
mais sobre como funciona esse apoio do banco aos produtores, visitei a sede do
Banco do Nordeste (BNB) em Delmiro Gouveia, onde conversei de forma bastante
agradável com o Sr. Edvaldo Serafim de Araújo Junior, Agente de Desenvolvimento
do Banco do Nordeste, que fez um
resumo do trabalho que o BNB através
das agências de Delmiro Gouveia e Mata Grande que juntas atendem os 08
(oito) municípios do alto sertão alagoano (Água Branca, Canapi, Delmiro
Gouveia, Inhapi, Mata Grande, Olho d’água do Casado, Pariconha e Piranhas),. A
começar pelos programas de acesso ao crédito que financiam desde posseiros a
grandes produtores, e que somente em 2022 aplicou no financiamento rural em
geral R$: 26,9 milhões de reais somente na região, sendo 70% destinado para a bovinocultura do leite,
atendendo no geral em torno de 1.700 produtores.
Além da seca, sob a qual todos já
estão cansados de saber o tamanho do estrago que ela proporciona na
agricultura, na pecuária e na vida de todos os sertanejos, outro gravíssimo
problema que afeta os agricultores e produtores de leite do nordeste na visão
do Sr. Edvaldo Serafim, é a falta de organização e de planejamento do produtor
na hora de investir os recursos financiados pelos bancos em especial pelo BNB,
o que acaba resultando no desvio de finalidade do financiamento, eis ai, um dos
motivos para explicar o porquê à inadimplência entre os beneficiários chegou a
15% em 2022.
De fato muitos são os benefícios e as
linhas de créditos que o Banco do Nordeste disponibiliza financiando o AGRO no
alto sertão alagoano desde os pequenos aos grandes produtores, no entanto,
atualmente a “menina dos olhos” do banco, ou pelo menos do Sr. Edvaldo Serafim
é o PRODETER - Programa de Desenvolvimento Territorial que incorpora um
conjunto de estratégias com objetivo de potencializar a competitividade das
atividades produtivas regionais, como a construção e implementação de plano de
ação e dotação orçamentária para financiamentos, o fortalecimento da governança
por meio de comitês locais e territoriais, além da integração das políticas
públicas necessárias ao desenvolvimento local e territorial.
É papel dos comitês locais e
territoriais priorizar as atividades econômicas com maior potencial
competitivo, estabelecendo parcerias para a redução dos entraves ao seu
desenvolvimento e promovendo a expansão do crédito. Dessa forma, o Programa
atua ativamente na organização das atividades produtivas, favorecendo, entre
outros aspectos, a cooperação entre empreendedores e parceiros, a difusão de
tecnologia e inovação e o apoio à execução de políticas públicas que promovam o
desenvolvimento da população da Região.
“Aqui no alto sertão, a primeira
reunião do comitê gestor aconteceu no município de Piranhas em Dezembro de
2022. A próxima reunião ainda sem data e local definidos, terá como pauta a
identificação dos principais problemas da cadeia produtiva do leite, onde o
comitê elegerá o problema que demanda maior urgência e encaminhará soluções”, disse
Edvaldo Serafim, Agente de Desenvolvimento do BNB, profissional responsável pela
ligação entre o Banco e os agentes econômicos e institucionais para estabelecer
e fortalecer a governança local e territorial voltada para elaboração,
implementação e avaliação de planos de ação territorial. Que tem por
responsabilidade básica e missão: Conhecer, facilitar, articular e induzir
ações relativas à Política de Desenvolvimento Territorial do Banco do Nordeste,
em consonância com o direcionamento estratégico da Instituição, a partir da
efetivação, por parte de parceiros, de planos de ação em nível local e
territorial cujo objetivo consiste no fortalecimento de atividades econômicas
priorizadas, com vistas à estruturação de financiamentos de riscos mitigados.
Também é papel do Agente de Desenvolvimento: Conhecer a realidade territorial;
Articular os atores locais e facilitar o processo de construção, implementação
e avaliação dos planos de ação territorial; Facilitar o processo de elaboração,
implementação e avaliação dos planos de ação territorial.
Vejamos agora como se estrutura o
fluxo de desenvolvimento do PRODETER e seus objetivos:
Atualmente
as agências do Banco do Nordeste na região, localizadas nos municípios de
Delmiro Gouveia e Mata Grande contam com a seguinte equipe técnica:
AGÊNCIA:
Delmiro Gouveia
- Gerente
Geral: Maria da Glória
- Gerente
de Relacionamento Pronaf: Celimário Marcelo
AGÊNCIA:
Mata Grande
- Gerente
Geral: Patrícia Gabriele
- Gerente
de Relacionamento Pronaf: Rafael Araújo
Superintendente
em Alagoas: Sidnei Reis
Gerente do
PRODETER: Manoel Roberto
Agente de
Desenvolvimento do PRODETER: Edvaldo Serafim
FONTES DE
PESQUISA:
https://grupocoagro.com.br
http://cpla.coop.br
https://www.gov.br
https://alagoas.al.gov.br
https://www.ibge.gov.br
*Atualizado em 28\02\2023