Pondero em outros momentos de que a poética brasileira se fez imensamente imbuída das influências europeias e de vanguarda. Nossos principais movimentos literários estão sempre revestidos dessas influências e se fazem igualmente releituras interesses dos movimentos europeus. Até mesmo o nosso modernismo quando alocando as diretrizes da liberdade criadora também se verifica nessa perspectiva. Dada as respectivas exceções destacamos o trabalho literário de escritores como Ariano Suassuna, Graciliano Ramos e Jorge Amado, por exemplo. E na poesia vale lembrar Ferreira Gullar com o seu concretismo e os poetas Andreia Donadon e Benedito Donadon com o louvável advento da Aldravia: primeiro poema genuinamente brasileiro.
Viera, desta feita, tem na obra Peregrino o primeiro livro de Setígonos publicado e se coloca por essa mesma razão na linha de frente dos poetas setigonais, germinando a semente da inovação e da criatividade em solos propícios e frutíferos. Em lírica temática agradabilíssima Vieira, de mãos dadas com os versos, reflete enfaticamente sobre a religiosidade, colocando a figura de Jesus Cristo como centro de suas construções versejais. Atentem:
RUMO AO CÉU
Avidamente rumo em direção ao céu
na ânsia de encontrar-me com aquele que me criou
tenho ansiedade de voltar para a casa
que ele prometeu e que ele mesmo preparou
e completo estarei junto ao amado de minh’alma
pois lá chegará ao fim todo tormento
onde se findarão a melancolia
e o descontentamento.
O Setígono em questão prepondera sobre necessariamente a esperança; sentimento este que se faz genuinamente religioso. A esperança de um mundo melhor, uma sociedade mais justa e igualitária seja talvez a principal mensagem oriunda da obra Peregrino. Esperança que contempla na figura crística, ou seja, nos ensinamentos de Jesus Cristo o caminho mais certo para essa reconstrução dos valores de ética e moralidade outrora perdidos, ou melhor dizendo, para a salvação do mundo. “Deus precisa voltar a ser o centro de nossas atenções”, disse o autor.
O grande teólogo da espiritualidade, Leonardo Boff, disse uma vez que “O grande desafio não é criar cristões, mas de criar pessoas honestas, solidárias, compassivas, respeitosas da natureza dos outros. Se conseguirmos isso é o sonho de Jesus Cristo sendo realizado.”Este pensamento quiçá seja o que melhor reflita a mensagem crística da obra Peregrino. Uma obra pautada na religiosidade e que busca, com efeito, inferir no leitor melhores caminhos quando em reorientação, construção e evolução de respectivas condutas e caráter. Vê em Cristo o melhor caminho para isso e, de certo, o é. Seus Setígonos Crísticos, desta feita, abrilhantam e movimentam a literatura alagoana, abrindo alas para novas e igualmente grandiosas produções setigonais.
A parlamento literário, neste emeio, parabeniza o poeta e escritor Washinton Vieira por essa portentosa e iluminada obra. Que sigamos todos de mãos dadas com os versos, peregrinando sobre a luz de Jesus Cristo e aprendendo com estes Setígonos Crísticos a estarmos mais perto de Deus e a caminharmos segundo à sua Vontade.
Cícero Felipe
Poeta e espiritualista
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