28/01/2017

Especialistas do HGE recomendam prevenção para evitar acidentes com as crianças

Quem tem criança em casa sabe bem que todo cuidado é fundamental para evitar que o divertimento das férias se transforme em tragédia. Para impedir que possíveis ocorrências dessa natureza aconteçam neste início de ano, especialistas do Hospital Geral do Estado (HGE) recomendam alguns cuidados preventivos aos pais ou responsáveis pelas crianças.
Para a médica Viviane Ferro, do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) da unidade hospitalar, a cozinha merece alerta especial, já que as queimaduras mais graves são provocadas por fervuras de líquidos quentes como água, café, leite e óleo.  Atitudes simples como não direcionar o cabo da panela para fora do fogão, podem impedir esbarrões e prováveis queimaduras.

“O perigo pode estar na tomada de luz ou na panela em cima do fogão. Para impedir os choques elétricos, é indicada a colocação de dispositivos que fechem as tomadas e orientar os pequenos sobre os riscos de brincar perto de fios da rede elétrica”, explicou.

Durante os passeios, pais ou responsáveis devem ficar atentos aos riscos de afogamento, sempre acompanhando os pequenos nos banhos de mar ou piscina. Outro cuidado referido é observar o uso adequado do protetor solar em ambientes abertos. As queimaduras de primeiro grau são causadas, geralmente, por excesso de exposição ao so.

Ao comprar o protetor, os pais devem estar atentos ao número do FPS mencionado no rótulo do produto, que identifica o grau de proteção oferecida. O ideal é utilizar no mínimo 15, independente da cor da pele. Também é importante passar protetor nas orelhas, no pescoço, nariz, nos pés e nas mãos. Chapéus, blusas de proteção, óculos escuros e sombrinhas de sol também devem ser utilizados.

Caso ocorram acidentes envolvendo queimaduras, o médico cirurgião plástico do CTQ, Thyago Carvalho, orienta aos pais a lavar a área do corpo afetada com água corrente e enrolar com uma toalha limpa. Nenhuma pomada ou outro medicamento deve ser aplicado em queimaduras sem prescrição médica. O mesmo vale para creme dental, gelo, café e outros produtos que não passam de lendas quando o assunto é tratamento de queimaduras. Se a queimadura for muito extensa, deve-se procurar ajuda médica.



Saúde óssea

Apesar de ser essencial para carregar roupa, lanche e brinquedos durante as viagens e passeios de férias, a mochila é um acessório perigoso quando usado com muito peso. Sem os devidos cuidados, a velha companheira das crianças e adolescentes pode se tornar um perigo à saúde óssea, ocasionando problemas crônicos de má postura e até levar a desvios posturais graves como a escoliose acentuada, a hiperlordose e a hipercifose.

De acordo com o médico ortopedista Rogério Barboza, como a criança está em fase de desenvolvimento, ela não deve fazer muita tensão em partes isoladas no corpo, para que não haja alteração no crescimento.

Ele explica que são inúmeras as mazelas que podem afetar uma criança ou jovem que utiliza a mochila inadequada ou com peso superior ao permitido. “Dores na região lombar e irritabilidade são sintomas que podem estar relacionados com o excesso de peso das mochilas. As alterações ocorridas acarretam inúmeros problemas posturais e causam lesões gradativas”, disse o ortopedista.

A recomendação da Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica é a de que o peso da mochila fique sempre nos 10% do peso corporal da criança. Ou seja, se a criança pesa 25 quilos, a mochila deve pesar até 2,5 quilos. A organização da mochila deve privilegiar a utilização de todos os seus compartimentos, de modo que os objetos mais pesados se encontrem no centro e mais próximos das costas, uma forma de prevenir problemas futuros.

De acordo com o ortopedista Rogério Barbosa, as mochilas devem ter tiras largas e acolchoadas, pois as estreitas podem causar compressão nos ombros, gerar dor e restringir circulação; também devem contar com duas alças, por distribui o peso uniformemente. Para proteger as costas, devem possuir acolchoamento posterior e serem confeccionadas com o material mais leve possível.  Respeitando o peso, os pais também podem usar as de rodinhas, que são bem práticas.

“Essas dicas também são importantes para usar após o retorno às aulas, com livros e material escolar. O acessório deve ser proporcional ao tamanho da criança para que possa se ajustar bem à coluna, sem folga. Vale lembrar que quando a mochila não está presa ao corpo, requer que o tronco vá para trás e força os músculos da criança, fazendo com que ela curve os ombros para facilitar o equilíbrio. O fundo da mochila deve ficar apoiado na curva lombar da coluna e nunca pode estar a mais de 10 cm abaixo da região da cintura da criança”, explicou o ortopedista.

Rogério Barboza alertou ainda que outras atividades realizadas incorretamente também podem trazer danos às crianças, como, por exemplo, a má postura ao assistir televisão e a prática de exercícios físicos de forma inadequada. Até mesmo a forma de dormir interfere.

A recomendação do ortopedista para os pais é investir desde cedo em atividades físicas e esportes. "Elas ajudam as crianças a manter a postura correta e evitam problemas na coluna, joelhos e quadris, que sofrem com o excesso de peso das mochilas".

Fonte: Agência Alagoas