Luiz César foi selecionado pela Ashoka por dar visibilidade e voz a juventude rural. Iniciativa foi destaque em um dos maiores jornais do país, a Folha de São Paulo. Confira!
Por: Redação / Reportagem: Folha de São Paulo
A Ashoka, maior rede mundial de empreendedorismo social, integra 15 brasileiros a um grupo internacional de jovens que lidera iniciativas de transformação social. Os jovens têm entre 12 e 20 anos e estão à frente de movimentos ou projetos de inovação social que subvertem a lógica da desigualdade em suas comunidades.
Os Jovens Transformadores Ashoka são representados por dez meninas e cinco meninos de nove estados (Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo), sendo que 55% vêm de cidades do interior do país.
“A Ashoka identifica jovens que estão desenvolvendo musculatura para realizar mudanças sistêmicas na sociedade”, diz Andrea Margit, vice-presidente da Ashoka na América Latina. “Eles entendem que seu maior desafio está em inspirar a transformação em outras pessoas de sua comunidade.”
Por meio de processos de aprendizagem colaborativa, a organização apoia os jovens no mapeamento dos sistemas que eles visam mudar e criar estratégias que levam em conta a lição aprendida por empreendedores sociais e parceiros experientes.
Os Jovens Transformadores Ashoka passaram por rigoroso processo de entrevistas e apresentações para demonstrar como praticam a empatia, o trabalho em equipe, a liderança compartilhada e de que forma moldam suas iniciativas para alcançar mudanças estruturais.
O processo de busca foi iniciado pouco antes da chegada da
Covid-19 ao Brasil, o que tornou a seleção ainda mais complexa, longa e intensa
em razão do distanciamento social.
Helena Singer, líder da Estratégia de Juventude para a América Latina na Ashoka, afirma que a nova turma se destaca pela capacidade de perseverar e reinventar suas iniciativas durante a pandemia.
"Os jovens tiveram que redesenhar totalmente seus projetos dada à urgência da crise e a impossibilidade de realizar atividades presenciais", diz Helena. "Eles criaram estratégias remotas de engajamento, que muitas vezes superaram o impacto que tinham antes da pandemia".
Entre estes jovens, está Luiz Cesar da Silva, do município de Mata Grande no alto sertão de Alagoas que se destacou por sua militância que dá visibilidade e voz a juventude rural. Conheça um pouco da sua história:
O que faz a população jovem no meio rural? Quais são seus desafios e perspectivas? Dar visibilidade à juventude rural brasileira é o que move o Jovem Transformador Luiz Cézar da Silva, que vive na zona rural do município de Mata Grande, no semiárido de Alagoas.
Desde criança, Luis Cesar sentiu na pele o desafio que é chegar até a escola para quem mora na zona rural. Ele nos conta que tinha muito medo que ter que escolher entre os estudos e o trabalho na roça, tendo visto muitos de seus primos e vizinhos desistirem dos estudos.
Essa dificuldade o levou a fundar aos 12 anos, uma iniciativa chamada Visibilidade da Juventude Rural, destinada ao protagonismo jovem. O grupo oportuniza várias atividades - desde palestras, encontros, fóruns e teatro com jovens até ações de apoio às famílias que mais requerem assistência na região, como campanhas de arrecadação e distribuição de alimentos, cadernos e brinquedos, dentre outros apoios. "Durante essas ações, nós buscamos abordar todos os problemas das famílias, sem compartimentalizar as questões", nos conta Luiz Cesar. "Toda conversa oferece uma oportunidade para a mudança.” (Reprodução: Central do Sertão)
Esta é a segunda vez que a organização elege Jovens Transformadores no país. Em 2019, foram nove brasileiros nomeados. No mesmo ano, elegeu ainda dez Jovens Transformadores pela Democracia, politicamente engajados na defesa de populações que têm seus direitos ameaçados.
Para Bill Drayton, fundador e CEO da Ashoka Global, é preciso alfabetizar os jovens para a mudança em um mundo em constantes transformações.
“As crises estão se sobrepondo nesta nova realidade. Nossa missão é permitir que toda criança e todo jovem possam praticar a empatia e se perceberem como agentes de transformação, desnaturalizando a desigualdade e contribuindo com mudanças que beneficiem a todos”, diz.
OS 15 NOVOS JOVENS TRANSFORMADORES ASHOKA
- Alfredo Alves da Silva Neto, de Passira (PE), combina a aprendizagem de línguas com desenvolvimento socioemocional;
- Beatriz Diniz de Azevedo Ribeiro, da cidade do Rio de Janeiro (RJ), exercita a participação cidadã pela equidade de gênero;
- Carolina Barbosa Lindquist, de Engenheiro Coelho (SP), usa os ODS como roteiros de aprendizagem de novos idiomas;
- Clara Beatriz Nunes Dourado, de Irecê (BA), estimula o hábito da leitura e divulga autores mirins;
- Giulia Jaques Caldeira, de Belford Roxo (RJ), quer por fim à pobreza menstrual no sistema carcerário;
- Hudson Eduardo da Silva Terra, de Curitiba (PR), quer transformar comunidades em situação de insegurança alimentar e se especializa em despoluição da água;
- Juliana Pinho Muller, de Macaé (RJ), vê na combinação da
História e da arte uma alternativa para construir uma cultura de paz;
- Luiz César da Silva, de Mata Grande (AL), dá visibilidade e voz à juventude rural;
- Luiza Gonçalves Soares, de Itajubá (MG), democratiza a robótica para os jovens;
- Luiza Louback Fontes, de Belo Horizonte (MG), fomenta o direito a ler;
- Maria Clara Lacerda dos Santos, de Itabira (MG), apoia e acolhe jovens vítimas de violência;
- Mariana Nunes Santos Gomes, de Conceição de Almeida (BA),
democratiza conhecimentos sobre saúde mental;
- Marcelo Borges de Jesus Filho, de Aparecida do Rio Doce (GO), vem consolidando uma rede de embaixadores ambientais;
- Vinnicius Ferreira Nazaré, de Recife (PE), engaja crianças e jovens em questões sociais por meio de jogos;