Um relato emocionante de quem foi forçado a deixar sua cidade natal, familiares e amigos em busca de uma vida melhor na cidade grande e as conseqüências do êxodo nordestino na vida de milhares de famílias pela sobrevivência.
Por: Marcio Martins
(Trecho da música “Triste partida” de Luiz
Gonzaga)
Qual nordestino que precisou deixar sua terra natal ou mesmo aqueles que viram seus familiares partirem para São Paulo/SP em busca de uma vida melhor, que um dia não se emocionou com os versos do Rei do Baião Luiz Gonzaga, retratados entre tantas músicas de sua autoria, na eterna canção da “TRISTE PARTIDA” aqui em partes retratada, ou mesmo das mães que na voz da dupla Zezé de Camargo e Luciano choraram e choram ao pé do rádio ao ouvir “NO DIA EM QUE EU SAÍ DE CASA”?
Agradeço a Deus pela oportunidade de viver, crescer, criar meus filhos e se for da permissão dele, morrer e ser enterrado na minha terra natal. Todavia, quem seria eu para falar com propriedade desse relevante tema se não vivi na pele esta triste realidade diferente de tantos sertanejos que independentemente do que conquistaram ou deixaram de conquistar longe de suas origens, o que mais queriam era ter tido as mesmas oportunidades em sua terra que milhares ainda continuam sendo forçados a buscar fora dela? Por esse motivo, é narrando um pouco da história de um amigo/irmão e conterrâneo, natural do povoado Queimada Redonda, município de Canapi, alto sertão de Alagoas, por nome de ANDRÉ DA SILVA, que também muito nos honra como Colunista deste site, que resolvi retratar um dos maiores DESAFIOS do Nordeste Brasileiro, o ÊXODO RURAL e URBANO da imensa maioria dos seus estados e principalmente dos pequenos municípios que não oferecem oportunidades de trabalho, profissionalização para os jovem e geração de emprego e renda a seus munícipes, muito menos aos jovens que se vêem forçados a deixar sua família em busca de uma vida melhor longe dela, e o pior e mais triste de tudo isso, é que muitos desses jovens jamais conseguem voltar, alguns por falta de condições financeiras de arcar se quer com o dinheiro de uma passagem que pode faltar para comprar o pão de cada dia, e, outros, que por fatalidade do destino, são vítimas de alguma tragédia ou mesmo da crueldade humana da violência nas grandes cidades.
E o mais revoltante de tudo isso, é quando temos a certeza que o principal motivo que ocasiona esta “triste partida” é a ganância pelo poder das oligarquias e dos coronéis da política sertaneja que em detrimento da miséria e da falta de oportunidades para seu povo e de desenvolvimento de sua terra, se perpetuam no poder por gerações passadas de pai para filho e seus laranjas, que não investem de forma proposital em cultura, educação, esporte, profissionalização e geração de emprego e renda, mas sim na compra de votos, assistencialismo e de empregos precarizados negociados que manipulam o eleitor pela condição de miserabilidade, tornando-os eternos dependentes de uma política assistencialista escravizadora, afinal de contas, empoderar de conhecimento e independência financeira seria dar liberdade ao povo e dá liberdade ao povo, seria decretar o fim do coronelismo e do voto de cabresto que sustenta esse sistema perverso de dominação das massas que mantém o pobre cada vez mais pobre e os mandatários do poder cada vez mais ricos e “poderosos”.
Por todo exposto e com muito mais a acrescentar ao relatar um pouco de sua trajetória de vida e sobre o que pensa sobre o Êxodo Nordestino dada sua experiência de vida em pouco mais de 12 anos distante de sua terra natal, em poucas palavras apresento a vocês um relato emocionante do canapiense André da Silva que inspirado por uma reportagem sobre jovens que seguiram o caminho oposto ao dele e de milhares de nordestinos, NÃO PRECISARAM SAIR DE SUA TERRA, uma vez que as políticas públicas se fazem presente onde moram. Confira!
Tenho medo do "Êxodo Nordestino"
das cidades pequenas que ainda persiste em pleno século XXI.
Sou
prova viva de que isso ainda está acontecendo nas cidades pequenas,
principalmente no sertão nordestino, morava na cidade de Canapi-AL e há 12 anos
tive que mudar para São Paulo em busca de trabalho. Faltam políticas públicas
para reverter essa situação trágica onde o jovem termina o ensino médio e não
tem oportunidade de trabalho onde mora, e tem que sair para as cidades grandes
para buscar seus objetivos, buscar uma oportunidade de trabalho. Tem que deixar
sua família, sua cidade e seu povoado para irem buscar seus objetivos em outros
estados, isso é muito dolorido para nós e familiares. Conheço jovens talentosos
que poderiam desenvolver, contribuir para a cidade com seus dons e talentos,
mas infelizmente as políticas públicas e o poder público dessas cidades não
olham para suas necessidades, não implantam meios para empregar esses jovens
que tem muito a contribuir com o desenvolvimento da cidade.
Que esse texto chegue aos governantes de todas as esferas, federal, estadual e municipal e olhem com bons olhos para esses jovens que querem trabalhar onde nasceram, e que não querem deixar seus familiares para irem para longe em busca de uma oportunidade de emprego. A sua cidade natal é rica, o que falta são políticas públicas e força de vontade dos governantes para gerar emprego e renda para todos.
[André da Silva]
Apesar da triste despedida dos familiares, dos amigos e da sua terra natal em busca de uma vida melhor, somado aos desafios que enfrentou para sobreviver na cidade grande, André que na adolescência e juventude trabalhou em um mercadinho e foi professor substituto, conseguiu vencer em São Paulo, não se tornou nenhum milionário, mas conseguiu sua tão sonhada estabilidade financeira e se casar com a mulher da sua vida, a Erieli, que conheceu pela internet sem se quer saber suas origens, até que conversa vai, conversa vem, descobriram que ambos eram do nordeste, e não só do nordeste, mas de Alagoas, e não só de Alagoas, mas da mesma cidade (Canapi) e não só Canapi, mas da zona rural do município, coisas do destino, uma história daquelas que só vemos no cinema, verdadeiras almas gêmeas que o destino tratou de unir.
Técnico em Segurança do Trabalho pelo Centro Paula Souza e recepcionista em um Condomínio Comercial em São Paulo, André é também empreendedor, já sua esposa é contadora, o casal não tem filhos, mas segundo eles já está a caminho. Todavia, apesar de toda estabilidade financeira e familiar que inclusive tem proporcionado ao casal a possibilidade de todos os anos passar as férias em sua terra natal com seus familiares, amigos e conterrâneos, André sonha um dia voltar a morar e criar seus filhos na terrinha, bem como contribuir de alguma forma com seu município para que outros jovens não sejam obrigados a ter que passar por tudo que ele passou, pois apesar de ter conseguido vencer longe da família, infelizmente esta ainda é uma realidade distante da maioria dos nordestinos que trilharam o mesmo caminho.
Católico, daqueles que não ficam apenas dos discursos, mas que amam falar do amor de Deus e praticar o que pregam, André passou a integrar o quadro de colunistas do site Central do Sertão onde mantém a COLUNA: REFLEXÕES PARA A VIDA, um verdadeiro sucesso, um alívio para a alma de quem ler.
Agora que contei um pouco da história deste grande canapiense, desse nordestino arretado, confira alguns momentos que marcam sua vida retratada em algumas fotografias ao longo do tempo...