Marco Archer Moreira foi condenado em 2004 por tráfico de cocaína. Ele esgotou pedidos de clemência para o governo local.
O brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, condenado à morte na Indonésia
em 2004 por tráfico de cocaína, será executado no próximo sábado (17),
segundo o jornal australiano “The Sydney Morning Herald”. A Indonésia
negou todos os pedidos de clemência feitos pela defesa do brasileiro
para que ele evitasse a execução. A data foi divulgada nesta
quarta-feira (14).
Caso a pena de morte seja cumprida neste sábado, Moreira será o primeiro estrangeiro a ser executado na Indonésia em 2015.
O Itamaraty informou apenas que continua mobilizado e acompanha o caso,
avaliando “todas as possibilidades de ação ainda abertas”. O governo
brasileiro afirmou que não dará detalhes sobre as decisões tomadas.
De acordo com o jornal, ele foi transferido para uma cela isolada na
prisão de Besi na noite da quarta-feira (14), após a data de sua pena
ser marcada. Outras cinco pessoas também devem ser executadas por um
pelotão de fuzilamento nas próximas 72 horas.
O advogado de Moreira, Utomo Karim, esteve com ele nesta quarta e o
visitou na cela de isolamento. Ele disse à Fairfax Media, dona do “The
Sydney Morning Herald”, que o brasileiro está em estado de choque,
triste e com medo.
Instrutor de voo, Moreira foi preso ao tentar entrar na Indonésia com
13 quilos de cocaína escondidos nos tubos de uma asa delta em 2003. A
droga foi descoberta pelo raio-x, no Aeroporto Internacional de Jacarta.
O brasileiro conseguiu fugir do aeroporto, mas foi preso duas semanas
depois.
O advogado Karim contou que seu cliente conversou com funcionários do
setor consular brasileiro na última noite. Moreira disse que não quer
morrer e pediu ao governo brasileiro que faça tudo o que puder para
evitar sua execução.
Ainda de acordo com o jornal, o advogado afirmou que o governo
brasileiro enviou uma carta à Indonésia pedindo que Moreira fosse
extraditado e cumprisse pena no Brasil. Entretanto, o condenado já havia
sido transferido para a prisão onde está isolado, e não havia mais
tempo para manobras legais.
O defensor também contou que Moreira ficou apavorado ao ser transferido
de prisão e achou que já seria executado na noite de quarta-feira. Ele
teria chegado a pedir aos guardas que o executassem onde estava, ao
invés de transferi-lo para a prisão de Besi.
Na Indonésia, os presos são executados por um pelotão de fuzilamento, e
podem escolher se querem ficar de pé, sentados ou deitados. Eles são
vendados para a execução. “Marco estava muito estressado na noite
passada para pensar em qualquer último pedido. Mas ele disse que queria
sua família aqui”, disse Karim, segundo o “The Sydney Morning Herald”.
O atual presidente da Indonésia, Joko Widodo, assumiu o cargo em 2014 e
adotou uma mão pesada na luta contra as drogas, afirmando no mês
passado que iria rejeitar os pedidos de clemência das 64 pessoas no
corredor da morte no país em crimes relacionados a drogas.
Segundo ele, as execuções são necessárias porque o país “está em um estado de emergência com as drogas”.
Além de Marco Archer, o paranaense Rodrigo Muxfeldt Gularte também está
detido no arquipélago do sudeste asiático por tráfico de cocaína e
aguarda no corredor da morte.
Fonte: Do G1, em São Paulo