16/06/2023

| PARLAMENTO LITERÁRIO | O processo transmissor do IP ao IC e ao ICS


Segundo Freud o IP – inconsciente pessoal – se faz constituído das nossas experiências pessoais. Funciona como se fosse um reservatório das nossas emoções e sentimentos reprimidos, a idiossincrasia constituída das experiências sensoriais do homem irá ser armazenada em seu inconsciente pessoal, em seu IP. Do IP temos o entendimento de que este armazena o conjunto das imagens e da idiossincrasia como um todo e que serão esquecidos, não chegando ao nível do nosso eu, da nossa vontade consciente. Tudo o que vivo em minha experiência, das emoções aos pensamentos, das imagens e das situações, tudo o que experimento sensorialmente falando e que não possuirei mais domínio em minha vontade consciente serão armazenados em meu inconsciente. O IP, desta feita, funciona como o reservatório destas experiências individuais e sensoriais.

Com efeito, o IC – inconsciente coletivo – segundo Jung, determina a existência de uma camada do nosso inconsciente ainda mais profunda que o IP. Prospecta, pois, o entendimento de que esta se faz o reservatório das experiências sensoriais da humanidade. Sendo assim, o conjunto de tudo o que fora experimentado no campo sensorial da humanidade, a um nível coletivo, a uma massa pensante, todas estas informações idiossincráticas serão armazenadas no IC. O IC elucida nossa hereditariedade psíquica e até onde somos tributários do IP ancestral. Importante entender que o inconsciente coletivo é oriundo do inconsciente pessoal. Cabermos explanar que a minha persona terá fundamental importância na geração e formação de outras personas. O material psíquico e hereditário que se faz perene em meu inconsciente pessoal é o que será transmitido ao meu descendente a um nível consciente tendo, desta feita, importante influência na configuração daquela personalidade. Mas assim entendendo a distinção avancemos.

O ICS – inconsciente coletivo superior – fala sobre a nossa hereditariedade universal. Entendendo a cosmicidade do ser e a relação de imanência deste com o universo prospecta o entendimento de que em nós mesmos residem as chaves para a melhor compreensão dessa hereditariedade universal. Também afiança a assertiva de que tal processo de hereditariedade tem anterioridade ao que entendemos por início e, de tal forma, nos conduz ao entendimento de outros povos e de outras civilizações na infinita expansão deste infinito universo. Dimensionando essas diretrizes de conceito avancemos ao que pretendemos nessa explanação sobretudo no que compete ao real processo de transmissão entre estes fatores inconscientes da nossa personalidade.

Quando eu entendo que o material psíquico do meu IP – inconsciente pessoal – muitos dos quais ficarão inertes em minha persona, sem que durante minha vida inteira deles eu possa ter acesso e de que estes mesmos serão os que irão ser perpassados ao meu descendente ao nível de seu consciente melhor compreenderei a responsabilidade que devo ter frente a minha própria psique. Esclareço: essas emoções reprimidas, esses pensamentos e o conjunto de todo o material psíquico que serão encaminhados ao IP e dos quais passarei a vida sem que haja correto aproveitamento deste material importantíssimo devo também inferir de que o mesmo material psíquico não será desaproveitado pela natureza constituidora e formadora da vida. Afiançava Laouvesir que “na natureza nada se perde, nada se cria tudo se transforma”. Este princípio se prenota a essa altura de fundamental importância para compreender esses respectivos processos transmissores e hereditários da formação da psique humana. Aquilo o que experimento sensorialmente e não que chegará ao uso, ao manuseio psíquico do consciente ao meu inconsciente será encaminhado. Esse material psíquico e sensorial, contudo, não será desaproveitado pela natureza. A grandiosa maioria das pessoas passará a vida sem que detenha real acesso ao seu inconsciente como bem pontuou Jung e este é um fator pelo qual essa mesma maioria seja governada pelo desconhecimento de si. Conhecer a si mesmo é fundamental e importantíssimo.

Voltando a questão: é exatamente esse material psíquico do meu inconsciente que será transmitido de maneira hereditária ao meu descendente. Quando essas informações inconscientes chegam ao descendente pela hereditariedade chegam ao consciente, determinando assim fatores e funções de sua personalidade. Em outras palavras e de maneira simplória e sucinta o material psíquico do meu inconsciente, mas não de forma generalizada, será o constituinte da personalidade do meu descendente. Haverá no descendente grandiosa informação inconsciente do ascendente. Importante entender esse processo. Tal qual ocorre com a hereditariedade genética o mesmo incide com a hereditariedade psíquica. É o que está latente em meu inconsciente que formará funções e fatores fortemente averiguados na personalidade do descendente. Desta feita, quando abrirmos o leque veremos que o inconsciente coletivo estará condicionado essencialmente por este singular processo. Tornar consciente um material inconsciente.

A uma escala maior quando grupos de pessoas refletem comportamentos e fatores personalísticos equiparados veremos com maior clareza a aplicação desse processo hereditário. O inconsciente coletivo é formado por inconscientes pessoais; inconscientes pessoais que tiveram seus materiais psíquicos desaproveitados e que a natureza os reaproveitou gerando novas personalidades, filtrando os melhores arquétipos como num interessante processo de seleção natural. Leis que se aplicam a realidade física também podem aplicadas a realidade psíquica do homem em seu mundo inteligível das ideias. De um IP desaproveitado um IC em reaproveitamento. Outrossim, melhor compreenderemos tal relação no esquema seguinte:

O material psíquico e desaproveitado do IP – inconsciente pessoal – será transferido ao consciente do descendente sendo, desta feita, determinante na formação da sua psique e personalidade. Estes fatores hereditários estarão como arquétipos e predisposições idiossincráticas, outrossim, poderão ser averiguados e entendidos. A grandiosa contribuição de Jung sobre a compreensão do nosso inconsciente nos aclara indubitavelmente esta verdade.

Não sendo redundante aos conceitos, mas cabe esclarecer outra vez: em nosso inconsciente coletivo superior reside todo o conjunto das informações constituintes do ser, a sua cosmicidade e universalidade: nesse reservatório se fazem armazenadas as informações genéticas, biológicas, psicológicas, espirituais, filosóficas; todo o conhecimento sobre si e o universo em infinita expansão. Como se fosse um grandioso mapa mental contendo as informações necessárias a respeito dos elementos constituidores do ser e de tudo o que o mesmo irá perscrutar, em vias de conhecimento, sobre o Universo. É certamente a camada mais profunda da mente humana, pois, reside nela toda a verdade e o conhecimento de tudo o que existe. Fora talvez nesse sentido que propagou Sócrates verdade de valor inquestionável para este entendimento: “Conhece a ti mesmo e conhecerás o universo”. Em ti mesmo o universo já se prospecta existente. O IC - inconsciente coletivo – por sua vez nos aclara sobre predisposições e heranças idiossincráticas sobretudo na maneira de como reagiremos ao mundo em nossa volta. É dizer que estarei afeito a enxergar o mundo tal qual faziam meus ancestrais, por exemplo. Já o IC – o inconsciente pessoal – falará da própria experiência sensorial frente a esse mundo, a esse universo. Do ICS ao IP há um caminho deveras milenar e acertadamente longínquo. Ao que agora pretendemos elucidar tomemos o IP como ponto de partida para a melhor compreensão desses processos hereditários e formadores da psique humana.

Pois, se não há facilidade ao acesso do IP acertadamente não será ao IC e posteriormente ao ICS. O ICS e o IC são hereditários, não devem nada a nossa experiência sensorial e idiossincrática. São constituintes do intelecto humano como um todo, uma herança divina como querem os religiosos, uma hereditariedade universal como especula essa ciência, mas, sobretudo, uma verdade científica que não tarda a ser comprovada.

Assim sendo, tal dinâmica explica sobremaneira a realidade existente do inconsciente: no ICS – inconsciente coletivo superior - a verdade universal da alma e da psique humana. No IC – inconsciente coletivo – as heranças transgeracionais e idiossincráticas de toda uma humanidade. No IP – inconsciente pessoal - aquilo o que sensorialmente armazeno e que será herança transgeracional.

Antes de finalizamos a explanação vamos reforçar a explicação por sobre os processos transmissores que ocorrem entre estas camadas profundas damente humana. No inconsciente pessoal residem as informações oriundas das experiências do homem sendo assim material psíquico a ser transferido ao descendente, ao nível da consciência. O coletivo se faz constituído dessas heranças que foram em momento púbere experiências pessoais. Outrossim, já não participa da experiência pessoal, mas nasce dela, a um nível coletivo de uma massa pensante.

Importante: o que experiencio em nível pessoal fortalece essa teia maior de pensamento e de herança transgeracional. No que compete ao coletivo superior e universal este também não dirá da nossa experiência pessoal, mas fala sobre a universalidade da psique humana, sendo assim uma camada quase que imperscrutável da nossa mente. Como estes elementos inconscientes se relacionam? Naquilo o que conheço de mim estão as chaves necessárias para a compreensão da vida e da existência e a melhor e mais correta aplicação de um condicionamento de melhoria e de progresso em vias gerais. Quando ao compreender que pelo inconsciente pessoal adquiro um mar de informações sensoriais e das quais serão em grande escala perpassadas ao meu descendente terei, desta forma, uma melhor aplicação ao meu pensar e ao meu viver e evidente que, de tal forma, também estarei agindo na modificação de um inconsciente coletivo quando ao escrever meu espírito melhores arquétipos e melhores condicionamentos e predisposições que serão herdadas, que serão hereditárias e transgeracionais. Quiçá fora exatamente o que intentou Cristo com seu ato e seus exemplos de fé e amor: modificar o inconsciente coletivo das pessoas que naquele momento já faziam oriundos de arquétipos terríveis.  Uma vez compreendendo este ponto poderei avançar em uma busca ainda maior que será o ICS – inconsciente coletivo superior – e entender a imanência da qual já sou hereditário e ver-me como de fato sou: cidadão universal.

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