11/10/2016

Em defesa da vaquejada, centenas de vaqueiros bloqueiam rodovias em Inhapi

Manifestação faz parte de mobilização nacional contra decisão do STF que proibiu prática da atividade no Ceará


Cerca de 300 vaqueiros fecharam, desde o início da manhã desta terça-feira (11), trechos da BR-423 e da AL-140, no povoado Leobino, em Inhapi, em protesto pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que na última quinta-feira (6) considerou inconstitucional uma lei do Estado do Ceará que queria regulamentar a vaquejada como uma prática cultural e desportiva.

Os manifestantes bloquearam os dois sentidos da rodovia federal, com pneus em chamas. Filas quilométricas de veículos se formam nos dois sentidos. A comissão organizadora do protesto informou para a reportagem que a rodovia será liberada assim que outro grupo de vaqueiros que protesta em Canapi chegar ao local para saírem juntos em cavalgada até a cidade de Inhapi.

Organizadas por associações, vaqueiros, criadores e empresários do segmento, as manifestações, que têm como objetivo principal chamar a atenção da população e das autoridades sobre o assunto, estão sendo realizadas em outras cidades do Estado, nesta terça-feira. Em Maceió, houve uma cavalgada que saiu da margem da Lagoa Mundaú em direção ao Palácio República dos Palmares, sede do governo estadual, no Centro da capital.

Nesta quarta-feira (12), estão previstas outras manifestações durante todo o dia, em quase todas as cidades do Sertão de Alagoas.

A Associação dos Vaqueiros do Brasil (Avaq) e a Associação Alagoana de Criadores de Cavalo Quarto de Milha (ALQM), organizadoras de parte dos movimentos em Alagoas, emitiram uma nota, por meio das redes sociais, em que afirmam que a vaquejada não causa maus tratos aos animais, conforme foi discutido por alguns dos ministros do STF durante o julgamento da matéria oriunda do Ceará.

O governador Renan Filho também apoia a mobilização nacional, inclusive no último domingo (9) se manifestou, por meio de suas redes sociais, a favor da prática da vaquejada.

“Vaquejada é atividade recreativa e competitiva que virou esporte e tem seus heróis, os vaqueiros mais corajosos e hábeis. Sobretudo, vaquejada é festa em todos os cantos do Nordeste, herdeira das antigas ‘pegas de boi’ na caatinga. Ela precisa ser preservada porque é um patrimônio cultural de Alagoas e de toda a região nordestina”, declarou o governador Renan Filho.

Ele disse também, por meio da rede social, que “a vaquejada movimenta a economia com eventos de grande porte, cria empregos e reúne famílias inteiras, dos avós às crianças, no aplauso aos seus vaqueiros. Vai daqui todo o nosso apoio aos defensores da vaquejada, para que o Poder Judiciário reconsidere e reconheça que o Nordeste e o Brasil têm direito de manter e preservar essa bela tradição”.

A decisão do STF
Durante o julgamento da matéria no STF, o ministro Marco Aurélio afirmou, em seu voto, que laudos técnicos contidos no processo demonstram consequências nocivas à saúde dos animais: fraturas nas patas e rabo, ruptura de ligamentos e vasos sanguíneos, eventual arrancamento do rabo e comprometimento da medula óssea. Também os cavalos, de acordo com os laudos, sofrem lesões.

Para o relator, o sentido da expressão “crueldade” constante no inciso VII do parágrafo 1º do artigo 225 da Constituição Federal alcança a tortura e os maus-tratos infringidos aos bois durante a prática da vaquejada. Assim, para ele, revela-se “intolerável a conduta humana autorizada pela norma estadual atacada”.

Na mesma ocasião, o ministro Edson Fachin divergiu do relator e votou pela improcedência da ação. Para ele, a vaquejada consiste em manifestação cultural, o que foi reconhecido pela própria Procuradoria Geral da República na petição inicial.

Fonte: correio noticia