23/11/2022

Comunidade Quilombola de Canapi realiza sua 1ª Amostra Cultural e conta a origem e a história do seu povo.

 

Evento realizado por Professores e Alunos Escola da comunidade contou com o apoio das secretarias municipais de Cultura e de Educação e teve a participação dos moradores da comunidade, visitantes e convidados.

Por: Redação\Profª Rosineia 

Moradores do povoado quilombola tupete em Canapi no alto sertão de Alagoas viveram momentos de muita alegria, diversão e emoção na última segunda-feira (21) com a realização da 1ª Amostra Cultural da comunidade realizada por professores e alunos do povoado, contando um pouco da história e da origem do quilombo. O evento contou com o apoio das secretarias municipais de Cultura e de Educação e teve a participação dos moradores da comunidade, visitantes e convidados. 

A 1ª Amostra Cultural da Comunidade Tupete teve por objetivo: Valorizar a história de um povo observando sua formação popular e sua preservação cultural; Trabalhar a contação de história os repasses dos mais vividos; Trazer conscientização da evolução de um povo em meio as suas lutas. Observar as conquistas; Trabalhar a leitura e escrita e se posicionar como sujeito critico prontificado a expressar e defender opiniões próprias; Levar os envolvidos no projeto a se reconhecerem como sujeitos valiosos na história e evolução de um povo como também gerar orgulho e satisfação de telespectadores vivenciando no momento. 

ORIGEM 

A comunidade é um centro familiar localizada na zona rural do município de Canapi no alto sertão de Alagoas. Um lugar lindo com uma paisagem encantadora, localizada ao pé de uma serra de pedra enorme. A pedra grande na serra é chamada cruzeiro e seu destaque na comunidade deu origem ao nome Tupete por nos lembrar um topete. Os primeiros povos vinheram aqui habitar para ter acesso do croár – planta usada para com a fibra fazer corda. E também trabalhar com o artesanato da palha de coco “aricori”. 

FAMÍLIAS DE ONTEM E DE HOJE

As primeiras famílias que aqui chegaram para habitar o lugar foram às famílias dos Jitiranas dos Hilários Pedros Paulinos e os Aprigios; A maior parte dessas famílias vinheram de uma serra de Mata Grande município vizinho. Esses primeiros povos queriam buscavam suas sustentabilidades habitando no lugar para facilitar o trabalho na fabricação de corda e artesanato com a palha de coqueiro (coco aricori). O local foi se tornando um centro familiar. Tornou-se uma comunidade- grande família. Os laços sanguíneos é circulado sem corte. Todos somos Tupeteiros parentes. Nos dias atuais temos 58 famílias. Um total de 266 pessoas. Sendo que desses moradores 66 pessoas moram fora da comunidade. A maioria dos moradores são crianças e jovens. 

ECONOMIA E FORMAÇÃO PROFISSIONAL 

Nosso povo do Tupete é um povo pobre lutador. As portas do emprego são pequenas janelinhas. Temos poucas pessoas trabalhando. E quase todas atuam em trabalhos de contratos temporários. Outros (os idosos) são aposentados ou pensionistas. Também tem os que vivem recebendo auxilio do governo. Mas o foco maior é a agricultura familiar – forma de subsistência. Mas pensa num povo guerreiro dotados de habilidades. Temos por aqui: pedreiros costureiras doceiras professores artesãos (trabalhos com vidro pintura em tecido obras com palhas crochê) auxiliar de escritório diaristas agente comunitário de saúde guarda civil municipal técnica de enfermagem auxiliar de farmácia. 


DESENVOLVIMENTO E CONQUISTAS 

Meu povo muito sofrido uma grande precariedade foi à falta de água. Água boa para beber. No passar de muitos anos a comunidade teve a construção de uma grande cisterna pública – mesmo assim existia a falta de abastecimento para que a água fosse distribuída para todos. Hoje essa mesma cisterna é bem abastecida pela a ação água para todos do governo federal. (Operação Pipa- Água para todos - Exército). Temos também um poço artesiano com água abundante e todos desfrutam felizes. Nossa capela é nosso maior tesouro como católicos – é o habitar de encontro com Deus e os irmãos – muito organizada com o capricho dos fieis e zelo do pároco. E tem o campo de futebol local de prática de esporte e lazer. Tem também uma nascente restaurada e preservada – a nossa fonte véia. 

Algo que sonhamos muito foi à luta e hoje temos – é um mine posto de saúde. E o reconhecimento como Comunidade Quilombola é uma conquista um valioso marco para nossa história. 

CULTURA E COMIDAS TIPICAS

A cultura de um povo e sua riqueza, tupeteiros, pensa num povo rico. Ser forrozeiro tá no pé! E o samba de coco- dança que acontecia para festejar celebrar e realizar um trabalho – o aterro do piso de barro da casa de taipa. O instrumento para essa dança é o guanzá – um litro( lata de óleo) com milho e um pano que fechava sua saída. As músicas são versos improvisados. O reisado acontecia para diversão e encontro de lazer. Hoje temos um grupo com 24 componentes (crianças jovens e adultos). Com o objetivo maior de resgatar e manter a cultura local. Na culinária tupeteira é muito cheio de requinte, povo prendado que faz de um tudo na cozinha, e tudo muito bom, mas não abre mão de seus pratos. Raízes: farinha cuscuz cocada feijão arroz e umbuzada – todas essas delicias feitas com um ingrediente espetacular leite e bagaço do coquinho aricorí. 


RELIGIÃO

Somos Católicos Apostólicos Romanos. Temos um número pequeno praticante, mas como disse o reverendissimo Bispo diocesano (Dom Dulcênio) numa visita pastoral: “... são poucos, mas são bons". 

Por muito tempo foi mantido o costume das rezadeiras e parteiras. Aquelas que com tanto cuidado empenhavam-se para ver a vida chegando. Maria Jovina Jocelina Ana Maria (Maria Pedro), essas mulheres tornavam-se comadres das mães e segunda mãe (mãe de umbigo) dos renascidos “Nossas queridas mães”.                                                 

Uma festa tradicional na comunidade é a festa da padroeira Nossa Senhora da Conceição que acontece de 29 de Novembro a 08 de Dezembro de cada ano. Essa festa foi organizada primeiramente por Paulino Gomes. Seguiu com Sebastião João depois foi Jocelina Salvelina Regina e hoje é mantida pelo grupo de fiéis que se empenham para que a festa religiosa aconteça como um despertar para pedir louvar e agradecer a Deus pelos cuidados e zelo de Maria Santíssima.

Para caminhar conosco – guiando o povo na fé passaram aqui o padre:  

Pe: Aluizio Martins.                                                                                                                               

Pe: Washington                                                                                                                                  

Pe: Enaldo Chagas.                                                                                                                                

Pe: Cristiano Abilio.                                                                                                                              

Pe: Siloel de Souza e o  atual pároco Pe: Márcio Cândido. 


GRUPOS E MOVIMENTOS 

Tivemos o grande Coral Nova Esperança, conhecido como o coral de Zé Chico da Sanfona. O Grupo Jovem Perseverantes no Amor de Deus. O grupo sementes do Amor, que ainda hoje vem sendo regado. Também atua na comunidade um grupo de mulheres que poupam financeiramente entre elas. Também tem um projeto social “mãos que ajudam”. Ainda tem 02 ministras extraordinárias da Eucaristia, 04 catequistas atuando e fomos sede da Pastoral da Criança.

 

QUEM SOMOS QUAIS NOSSOS SONHOS 

Somos um povo alegre com característica de sermos solidários e somos verdadeiramente, mas levantou-se conflitos entre nós. Temos uma turma desmotivada que não acredita em coisas boas acontecendo. É um povo que já foi muito iludido, muitas promessas que resultaram na turma do pessimismo.

E tem também a turminha da discordância nos pontos de vista o que é mais comum e devia levar-nos a maturidade. Porém infelizmente isso vem nos separando. Vencer esses conflitos tornou-se sonho nosso. Expulsá-lo! Quando acontecer num tempo próximo, ai estaremos bem unidos e juntos vamos a lutar para que aconteça as políticas públicas melhorando e garantindo a qualidade de vida para esse povo do Tupete. 

Minhas palavras podem soar como fantasiosas e são, gosto de embelezar, mas é real, tenho pulso com união ao povo vamos lutar e a vitória vamos alcançar!