Cozinhar é uma arte, arte de servir, transformar, agradar, cuidar, amar e nutrir. Seja profissionalmente, por uma renda extra, hobby ou terapia. Cozinhar é resgatar lembranças, aromas, sabores, pessoas e memórias. É lembrar o que é comida de verdade, comida de mãe, comida caseira, a comida que satisfaz, que inspira, educa e entretém, enfim... Cozinhar é nos conecta com o outro e com nós mesmos, nos faz bem, nos faz feliz, faz o outro feliz também. E quando essa arte é agregada a “arte de fuxicar” o sucesso é garantido! Mas calma! O fuxico que estou falando não é o que você está pensando, ou seja, o da intriga e da fofoca.
A arte de fuxicar é uma técnica artesanal em que há o reaproveitamento de retalhos de tecido. O retalho é recortado em formato circular e alinhava-se suas extremidades. Ao puxar a linha, forma-se uma trouxinha de tecido, aí está formado o fuxico. Na elaboração desta técnica são normalmente utilizados: tesoura, retalhos de tecidos, agulhas, linhas, um molde de formato redondo. Ele é composto especialmente com a união de várias pequenas trouxas de tecido, as quais, entre-tecidas, constituem flores coloridas. Estas, ao se conectarem, dão um novo visual a confecções, bolsas, tapetes, colares, broches, colchas, entre outros itens.
Por todo o exposto, você agora deve está se perguntando: “Mas quem neste sertão alagoano tem conseguido agregar estas duas belas artes? Será que é algum artista famoso, reconhecido internacionalmente? Respondo: Muito pelo contrário, o nosso personagem, cujo nome está na capa desta reportagem especial não é e nunca foi se quer reconhecido local e regionalmente por nenhuma revista ou instituição especializada em gastronomia e ou artesanato, muito menos pelo poder público e pela chamada “grande imprensa”, não por falta de talento e muito menos por falta de valorização dos seus clientes, mas sim, pelo corporativismo e interesses comerciais e políticos da imensa maioria da imprensa, das instituições e de uma classe política cada vez mais preocupada com a politicagem que escraviza do que com as políticas públicas de apoio ao empreendedorismo e de valorização da cultura e das artes.
Apresento a todos, Cleiton de Souza Viana de 37 anos, residente no município de Pariconha no alto sertão de Alagoas, que se apaixonou pela cozinha ainda na infância quando começou a fazer bolos, mas foi ao participar de um grande evento gastronômico na cidade de Tiradentes no estado de Minas Gerais que Cleiton sentiu que ali havia encontrado sua verdadeira vocação, e anos depois, estava formado Tecnólogo em Gastronomia.
Mesmo diante das dificuldades e da falta de apoio e
incentivo governamental, principalmente no tocante a políticas públicas de
valorização e incentivo aos micro-empreendedores sertanejos, é na satisfação
dos seus clientes que Cleiton diz encontrar motivação para inovar na cozinha e
na criação dos seus fuxicos.
“Meu sonho é abrir minha própria empresa de doces, salgados e artesanato, bem como ajudar o grupo de artesãos do qual faço parte aqui em Pariconha, de forma que todos possam crescer e viver bem das suas artes” – Disse Cleiton Viana.
Vale ressaltar que quando nosso protagonista fala em “ajudar” definitivamente não é da boca pra fora, em 2018 Cleiton e amigos criaram a Casa da Sopa com o objetivo de fornecer alimentação as famílias carentes do município, projeto esse que durou 02 anos até que acabaram as doações e sem condições financeiras de tocar sozinho todos os custos, o projeto foi encerrado, porém, Cleiton jamais deixou de servir ao próximo se engajando em diversas campanhas solidárias ano após ano.