De um lado, um ex-prefeito corrupto condenado pelo TJ/AL por desfalque na previdência pública dos servidores municipais e do outro lado, outro ex-prefeito corrupto condenado por desvios de recursos da merenda escolar. O resultado disso? Projetos pessoais de poder colocados em prática sustentados por esquemas milionários de corrupção que afundaram o município de Canapi no alto sertão de Alagoas, gerando miséria e obrigando famílias inteiras a deixar sua terra natal em busca de liberdade e até mesmo, sobrevivência. E é sobre esse êxodo populacional que discorro este artigo em forma de desabafo e indignação contra essa politicagem imunda que assola o nosso amado Canapi há 61 anos, mas principalmente nos últimos 27 anos.
Tudo começou em 1996 quando o então deputado estadual Celso Luiz, intitulado “A força do sertanejo” por um grupo de puxa-sacos que manipulavam a massa alienada da época, consegue eleger um desconhecido de uma cidade próxima da capital como prefeito de Canapi, ao tempo em que emplacava seu pai na condição de vice-prefeito. Quatro anos mais tarde, no ano 2.000, esse mesmo deputado, tira o forasteiro e elege sua mãe Rita Tenório prefeita tendo como vice-prefeito aquele que anos depois se tornaria o que hoje é apontado como seu “maior inimigo político”, porém, não antes de impedir sua mãe de disputar reeleição para colocar justamente ele, seu afilhado político, o advogado José Hermes de Lima, popular “Zé Hermes” na condição de seu candidato a prefeito, fato que acabou unindo as Famílias Malta e Mariano no mesmo palanque, ignorando o rastro de sangue das disputas políticas históricas do passado.
Fatos passados a parte, é chegada as eleições de 2004 e mais uma vez, o ex-deputado consegue eleger seu candidato, Zé Hermes e eleito e em menos de 06 meses na cadeira de prefeito, é preso pela Polícia Federal no primeiro grande esquema de corrupção que marca sua trajetória política criminosa, afinal de contas, anos mais tarde já na condição de ex-prefeito, é condenado em definitivo pela justiça em decorrência da famosa operação gabiru.
Dois anos depois da prisão do gabiru, surge a Operação Taturana e o preso desta vez é o Deputado Celso Luiz, mas dias depois é liberado e a operação enterrada até hoje. No ano seguinte, em 2008 Celso Luiz ensaia um rompimento com o então prefeito Zé Hermes (que apesar da prisão conseguiu ser candidato a reeleição), Celso Luiz então, lança novamente sua mãe candidata a prefeita, desta vez, como candidata de oposição contra aquele que foi seu vice e seu candidato a sucessão em 2004. Resultado! Zé Hermes é reeleito e 04 anos mais tarde em 2012 entrega a prefeitura para Celso Luiz (que já não era mais deputado, pois havia perdido as eleições estaduais como candidato a vice-governador na chapa do usineiro João Lira em 2006). Candidato a prefeito de Canapi, Celso Luiz tentava se reerguer politicamente e para isso o apoio do ex-prefeito Gabirú foi fundamental, de modo a enganar e manipular seus próprios eleitores e apoiadores apresentando como real a candidatura do sogro que era inelegível e insistir com a falsa candidatura até as 22h da véspera da eleição.
Eleito, em Janeiro de 2013 Celso Luiz assume o comando do município até que em 2016 no ano da eleição, uma chuva de denúncias de corrupção o levam a prisão e a seguidos afastamentos da prefeitura que acabaram resultado na derrota do seu escolhido para sucessor, o sindicalista Madson Paulino que perdeu as eleições para o filho do ex-prefeito gabiru que impedido de disputar as eleições por ser ficha suja, usou o filho de bucha para voltar a comandar o município, onde se encontra até hoje com a reeleição do filho em 2020.
Todavia, já não bastasse o esquema de corrupção que praticou diretamente na prefeitura em 2005 sendo condenado posteriormente, o ex-prefeito gabiru recentemente envolveu seu filho em pelo menos, dois gravíssimos esquemas de corrupção, o primeiro, fruto de um escândalo de repercussão nacional envolvendo a aquisição de kits de robótica em que de acordo com o Jornal Folha de São Paulo resultou em um prejuízo de R$: 4,2 milhões de reais aos cofres públicos segundo relatório da CGU – Controladoria Geral da União. E o segundo, mais um prejuízo na educação desta vez, na ordem de R$: 22 milhões conforme denúncia do SINDSCAN – Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Canapi a Polícia Federal, Ministério Público Federal, Tribunal de Contas e diversos outros órgãos de Justiça, Fiscalização e Controle.
Por todo exposto, lá se vão 27 anos de um município de 61 anos de emancipação política completados nesta terça-feira (22/08), ou seja, praticamente metade de sua existência sob o comando de apenas dois homens, que trocaram a oportunidade de cuidar das pessoas, melhorar suas condições de vida e contribuir para o progresso do município, pela realização de um projeto pessoal de poder que em última análise resultou na redução populacional do município quem em 2010 registrava 17.250 habitantes e que passado 12 anos, conforme dados do mais recente Censo Demográfico do IBGE/2022, contabiliza apenas 15.559 habitantes.
Em resumo, ao invés de progredir, Canapi regrediu. E hoje! amarga saber que parte de sua população foi embora por falta de condições de sobrevivência, sem depender do assistencialismo politiqueiro que condena a maior parte da população a eterna dependência e mendicância política, afinal de contas, junto com a redução populacional veio o aumento da miséria, haja vista que entre 80 e 90% das Famílias canapienses são beneficiárias do Programa Bolsa Família cadastradas na condição de pobres e extremamente pobres. Além disso, ainda é muito comum a distribuição frequente de cestas básicas, empregos precarizados sem nenhum direito trabalhista e pelos quais se quer recebem o salário mínimo, abastecimento de água por caminhões pipas e arações de terras como forma de barganha política.
Finalizo por aqui deixando o seguinte questionamento/reflexão: Quantos milhões ainda devem ser desviados e quantos conterrâneos terão que ir embora para que você tome vergonha na cara e pare de vender e negociar o seu voto?
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