07/12/2023

Vereador por Olivença/AL expõe a farsa das prestações de contas das campanhas eleitorais em Alagoas.

 

Parlamentar que declarou a Justiça Eleitoral uma despesa de apenas R$: 1,2 mil reais confessou em um programa de rádio que gastou R$: 178 mil reais para se eleger vereador em uma das cidade mais pobres do Brasil. 

Por Redação 

Onde vão parar os milhões gastos nas campanhas políticas que não aparecem nas prestações de contas da Justiça Eleitoral? 

Esta é uma pergunta um tanto quanto óbvia, porém, sua resposta é quase impossível de ser comprovada, e justamente por isso qualquer um que declare publicamente que político “X” foi eleito gastando milhares de reais estará sujeito a responder judicialmente, afinal de contas, quem compra voto não passa recibo e quem vende não entrega o comprador porque se torna cúmplice do mesmo crime. Todavia, não podemos e nem devemos ignorar o fato de que o abuso do poder econômico/financeiro da classe política (dada às exceções) tem sido um fator determinante no resultado das eleições, principalmente nos pequenos municípios onde a maioria dos mandatários do poder governam como se a prefeitura fosse propriedade particular e o território municipal seu curral eleitoral, e que tem quase todos os vereadores, os ditos “fiscais do povo”, como cúmplices dos seus mandos e desmandos, que sugam os cofres das prefeituras, luxando à custa da miséria de seu povo. 

Portanto, é comum em cidades de até 30 mil habitantes, ouvir seus munícipes ao comentar sobre o resultado das eleições, dizer que o mandato do vereador “fulano” e do prefeito “cicrano” custou milhares e milhões de reais respectivamente. E ai é onde está o X da questão, pois essas cifras financeiras astronômicas não aparecem na prestação de contas dos candidatos junto a Justiça Eleitoral. Sabe por quê? Porque vai tudo para a famigerada compra de votos, ou seja, para a corrupção. E sendo assim, sem declarar os gastos da compra de votos, tem candidato com contas zeradas, aprovadas pela Justiça Eleitoral. Isso mesmo que você leu! Candidatos que declararam ter vencido as eleições sem gastar um só real ou gastos completamente irrisórios. 

Até aqui nenhuma novidade, todavia, recentemente, o que era difícil de provar foi escancarado “ao vivo e a cores” por um vereador da cidade de Olivença no sertão de Alagoas em um dos programas de rádio mais ouvidos do sertão de Alagoas, o Liberdade de Expressão apresentado pelo renomado Radialista Antônio Melo pela Rádio Milênio de Santana do Ipanema/AL. 

Popularmente conhecido por Antônio Agostinho, o parlamentar oliventino resolveu colocar a boca no trombone e confessar um suposto esquema de corrupção em que esteve envolvido e que segundo ele, era liderado pelo Prefeito da cidade, do qual afirmou que recebia mensalmente um pouco mais que R$: 4 mil reais por mês e uma cota de combustível para se manter na base aliada do gestor na Câmara, e que deixou de receber porque queria que o prefeito quitasse um débito de R$: 98 mil reais fruto de um empréstimo que o vereador teria contraído junto a uma agência bancária durante as eleições de 2020. Valor este que de acordo com o parlamentar oliventino, fez parte de um montante de R$: 178 mil reais que o mesmo confessou ter gasto para se eleger vereador em uma das cidades mais pobres do Brasil com pouco mais de 10 mil habitantes. 

A confissão do vereador feita ao vivo na rádio causou espanto até mesmo do apresentador do programa que inclusive alertou o parlamentar de que ele estava fazendo uma denúncia extremamente grave e que poderia ser preso. Antônio Agostinho então respondeu que não seria porque não estaria recebendo mais, pois havia rompido com o grupo do prefeito, mas isso até pouco mais de 02 meses após a entrevista, haja vista que o parlamentar acabou retomando a aliança com o prefeito e não tocou mais no assunto. 

Nossa equipe de redação tentou contato com o vereador Antônio Agostinho para comentar o caso, mas ele não atendeu nossas ligações. Também investigamos a prestação de contas do vereador junto a Justiça Eleitoral, e para nossa não surpresa, os gastos declarados pelo parlamentar oliventino nas eleições de 2020, foram de apenas R$: 1,2 mil reais, ou seja, R$: 176,8 mil reais a menos do que ele confessou ter gasto durante a campanha, comprovando assim, a farsa da prestação de contas das campanhas eleitorais em Alagoas e no Brasil, onde dada as devidas exceções, o voto é comprado através do famoso CAIXA DOIS (dinheiro não declarado de campanha = CORRUPÇÃO). 


O que diz o Ministério Público 

Nossa redação ouviu uma fonte ligada ao Ministério Público do Estado de Alagoas que atua na comarca local, e segundo ela, apesar da confissão, para a denúncia prosperar, o vereador teria que formalizar as autoridades competentes, ainda que a gravação da entrevista continue disponível na internet através do YouTube, (conforme pode ser conferida na íntegra através do vídeo em anexo a esta matéria). Além disso, como o vereador/denunciante e beneficiário do suposto esquema retornou para o grupo do governo, essa formalização jamais irá ocorrer e o crime cometido conforme a confissão do parlamentar envolvido, continuará impune e supostamente ativo.