04/03/2017

INOCENTES OU CULPADOS?

Salvou-se a nossa alma, como um pássaro do laço dos passarinheiros, quebrou-se o laço, e nós nos vimos livres.  Sal 124:7

Era jovem e linda. Não devia ter mais de dezesseis anos. Jovem demais para chorar. Adulta de menos para enxergar as trapaças da vida.

“O que me aconselha? Hoje a tarde meu namorado bateu em mim, diante de muita gente – disse chorando – Eu sei que devo deixá-lo, mas gosto dele.”

Não precisava de nenhum conselho. Lutava consigo mesma. Com os seus sentimentos. Enganava-se ao justificar que aquilo tinha sido apenas um “momento de raiva”, que no fundo ele era bom.

Nosso próximo encontro aconteceu dezessete anos mais tarde. Não era mais jovem, nem  linda. Estava destruída pela dor e o sofrimento que carregara como uma cruz ao longo de anos. Agora já estava separada do marido que por muitas vezes a golpeara.

Dizer o quê? Que ela sabia o que lhe esperava se levasse adiante aquele relacionamento? Seria cruel. Para que abrir mais as feridas que há tanto tempo sangravam?

No verso de hoje o salmista louva o nome de Deus, por suas obras de justiça e libertação. Jesus veio a este mundo e quebrou o laço que nos amarrava. Estes laços não são apenas exteriores. As verdadeiras arapucas estão dentro de nós mesmos e não queremos reconhecê-las.

Com freqüência dizemos que fomos enganados. Consideramo-nos vítimas. Os culpados de nosso sofrimento quase sempre são “os outros”. Enquanto não nos livrarmos dessa maneira ingênua de pensar, dificilmente seremos felizes. O poder do evangelho não se revela apenas nos fatos extraordinários que Jesus pode fazer com os nossos inimigos externos, mas no que Ele está disposto a fazer dentro de nós mesmos.

Jesus veio libertar-nos da “ingenuidade”. Ele chega a nossa vida para abrir os olhos a fim de que possamos ver a realidade da vida e paremos de “fazer de conta” enganando-nos e iludindo-nos por vontade própria.

Este é o valor do ensinamento bíblico. Tira o véu, ilumina o caminho, abre a janela do  coração escuro para que entre a luz e tomemos decisões e atitudes sábias.

Basta de sentirmos vítimas porque “salvou-se a nossa alma como um pássaro,  dos laços dos passarinheiros, quebrou-se o laço e nos vimos livres.”

Alejandro Bullón