Bianca’, que faz parte do kit gay vetado por Dilma
Depois de dois anos do veto da presidente
Dilma Rousseff a uma série de conteúdos que seriam distribuídos nas
escolas da rede pública como forma de combater a homofobia, o material
desenvolvido por diversas entidades em parceria com o Ministério da
Educação (MEC) ainda não teve um destino definido. Segundo o site Terra,
a assessoria da pasta disse apenas que a proposta não foi abandonada e
que os conteúdos ainda estão em análise.
“O Ministério da Educação firmou uma
parceria com o Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia (Fenp) e dez
universidades federais para debater e analisar todos os materiais
educativos que abordem preconceitos, violência nas escolas e qualquer
tipo de discriminação, entre eles, os materiais referentes ao Programa
Escola sem Homofobia”, disse o MEC em nota. Sem especificar no entanto,
quando essa análise será concluída.
A distribuição do kit estava prevista
para ocorrer no segundo semestre de 2011 em 6 mil escolas de ensino
médio, mas foi cancelada depois de pressão das bancadas religiosas.
Após a polêmica, o MEC disse que o veto de Dilma refere-se a três
vídeos: ‘Torpedo’, ‘Encontrando Bianca’ e ‘Probabilidade’. O restante do
conteúdo, ainda espera por uma definição.
Para deputado opção sexual é assunto da vida privada
O líder da Frente Parlamentar Evangélica
na Câmara dos Deputados, João Campos (PSDB-GO) acredita que o veto de
Dilma ao material foi uma conquista da bancada religiosa e da sociedade
brasileira. “Essa questão de orientação sexual é algo que diz respeito à
vida privada, não à escola. Quem faz a opção, a gente respeita, mas
agora o poder público financiar um programa que vai estimular os
adolescentes a serem homossexuais é errado”, disse em entrevista ao
portal Terra.
Para Eduardo Campos a homofobia pode ser
tratada dentro de sala de aula,mas o material que seria usado fazia
apologia ao homossexualismo. “Até pode, mas discordamos daquele
material, cujo conteúdo, ao invés de prevenir a homofobia, fazia
apologia ao homossexualismo, no sentido de incentivar o jovem a fazer
opção por essa orientação sexual”. O deputado ainda criticou o interesse
do governo em discutir “apenas um tipo de discriminação”.
“Nós não somos homofóbicos. Somos contra
qualquer forma de preconceito e nos causa estranheza o governo se
preocupar tanto com um programa que busca reduzir o preconceito somente
nesta área. Por que não busca um programa para diminuir a discriminação
como um todo, inclusive religiosa, contra deficientes físicos, indígenas
e quilombolas?”, questionou. “O programa buscava encucar na cabeça de
cada jovem a ideia de que a homossexualidade é algo muito bom. Mas o
poder público não tem esse papel de incentivar um tipo de comportamento a
ser seguido. Se for assim, nós vamos ter que pedir um programa que
busque incentivar os jovens a serem religiosos. A religião também é uma
opção pessoal de cada um”, disse.
João Campos afirmou que em abril entregou
um requerimento ao Ministério da Educação (MEC) pedindo informações
sobre a prestação de contas do programa Escola sem Homofobia. “Ao que
nos parece, as entidades contratadas para fazer o kit receberam um
dinheiro significativo e até hoje não prestaram contas. Queremos saber o
que foi feito com esse dinheiro e, se for comprovada a falta de
prestação de contas, que medidas o governo tomou”. Segundo o
parlamentar, ele ainda não teve resposta do MEC sobre o requerimento.
A ONG Pathfinder do Brasil, responsável
pelo convênio do programa Escola sem Homofobia, informou que tudo foi
feito dentro dos prazos estabelecidos e que todos os materiais foram
produzidos, ficando sob responsabilidade do MEC a destinação do
conteúdo. Foram liberados cerca de R$ 1,8 milhão para o programa por
meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).