Após o surto de diarreia que assola o 
estado há cerca de dois meses, e que já causou a morte de 48 pessoas, a 
Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) começou a fazer coletas em 
várias fontes de água para saber se havia irregularidades. Nesta 
sexta-feira (19), o gerente de controle de qualidade da Casal, Antônio 
Capistrano, informou à reportagem do G1 que foram encontrados vários 
problemas nas amostras coletadas no Sertão e Agreste de Alagoas.
“Já
 identificamos algumas irregularidades no armazenamento e na qualidade 
da água. Alguns reservatórios de redistribuição não estavam limpos. 
Fizemos análises e, em alguns pontos, a água estava com a quantidade de 
cloro quase zero”, afirma o gerente da Casal.
Ainda de acordo com Capistrano, foram 
encontradas problemas quanto a qualidade da água na maioria dos 
caminhões-pipa que ajudam abastecer as casas de moradores da região. 
“Por conta desses problemas, estamos implantando ações para mudar 
algumas atitudes e vamos melhorar a logística no trabalho que é feito 
pela Casal”, diz.
Logo
 que começaram a surgir os primeiros casos de surto de diarreia em 
Palmeira dos Índios, no Agreste de Alagoas, a Secretaria de Estado da 
Saúde (Sesau) chegou a pedir um teste para averiguar a qualidade da água
 e desacartou a possibilidade de contaminação.
Casos de diarreia
Subiu para 48 o número de óbitos 
registrados em Alagoas por causa do surto de diarreia, segundo dados 
atualizados da Sesau. Em Santana do Ipanema, Sertão alagoano, o número 
de mortes subiu de cinco para seis, em Mata Grande, também no Sertão, de
 um para dois e, no Litoral Sul, a Barra de São Miguel, que ainda não 
havia contabilizado óbitos, já registra uma morte motivada pela doença.
Com isso, o surto já atinge 26 municípios
 alagoanos. Segundo levantamento do Centro de Vigilância da Saúde, de 1º
 de janeiro até esta quinta-feira (18), foram registrados 73.456 casos 
de diarreia no estado, número bastante elevado se comparado ao mesmo 
período de 2012, quando foram contabilizados 37.656 casos.
De acordo com a coordenadora da 
Vigilância Sanitária Estadual, Sandra Canuto, o monitoramento foi 
intensificado. “Estamos buscando os registros da doença nos municípios 
para atuar de forma mais efetiva no combate. Para isso, técnicos da 
secretária estão acompanhando os casos nos hospitais e por telefone 
junto as secretarias municipais. Materiais para exames laboratoriais 
estão sendo disponibilizados e rios monitorados por conta da água. 
Principalmente aqueles oriundos de Pernambuco, onde houve registro de 
cólera no ano passado”, disse.
Inquérito Civil
Promotores dos núcleos do Meio Ambiente, 
de Defesa do Consumidor, de Defesa do Patrimônio Público e da Saúde do 
Ministério Público estiveram reunidos na quinta-feira (18), em 
Arapiraca, para discutir as causas e identificar os possíveis 
responsáveis pelo surto da doença.
De acordo com o MP, o promotor da comarca
 de Palmeira dos Índios, Izadílio Vieira, vai instaurar na sexta-feira 
(19) um inquérito civil para a apuração do caso. Vieira vai solicitar 
dados da Secretaria de Saúde do município, da Casal e do Exército para 
investigar qual a origem da água que contaminou e matou 10 pessoas em 
Palmeira e quatro em Estrela de Alagoas.
Na próxima semana, uma nova reunião 
acontecerá em Santana do Ipanema, desta vez com os núcleos do Ministério
 Público localizados no Sertão.
Do G1 AL