Em tempos
de mensalão e a pouco mais de um mês do inicio do ano letivo em todo país é
preciso refletir sobre cada nova denuncia de corrupção, sobre cada dado
estatístico divulgado revelando o aumento da criminalidade, da miséria, do
consumo de álcool e das drogas e assim se perguntar: O que as escolas
brasileiras estão ensinando a nossas crianças, adolescentes e porque não dizer
aos adultos deste país?
Na
verdade os conteúdos que regem as instituições de ensino são
repetitivos e fogem do contexto de uma realidade cruel que infelizmente
tem levado nossos jovens a caminhos sem volta e outros sem perspectivas
de futuro.
Vemos
diariamente alunos desinteressados que vão pra escola não porque gostam
ou sente-se atraídos por ela, mas porque são obrigados pelos pais, isso
quando os pais se preocupam, pois muitos não estão nem ai para a
educação dos filhos.
Chega
da mesmice de um projeto político pedagógico ultrapassado que passa
para o aluno apenas a teoria de longas datas, enquanto que a prática e a
realidade social exige muito mais do que simplesmente aprender a ler e a
escrever.
A
sociedade está sofrendo as dores da corrupção, da violência, da
prostituição e das drogas, enquanto isso a maioria das instituições de
ensino continuam se omitindo aos fatos, não debatem e não procuram
maneiras de trabalhar estes alunos de modo que aprendam a dizer não ao
que é errado e sim ao que for certo.
Cabe
aos diretores e professores mudar esta realidade, indo muito mais além
do que está no livros ou do que lhes foi ordenado, até porque são os
políticos que fazem as leis e sua maioria absoluta não quer uma
juventude consciente e muito menos crítica a suas atitudes na maioria
das vezes desumanas. Não querem mais jovens determinados social e
politicamente como os que lutaram contra a ditadura, a favor das diretas
já e pela derrubada de um presidente da república.
Querem
continuar roubando sem parar sem que ninguém faça qualquer
questionamento ou manifestação exigindo as devidas punições e a devolução do
dinheiro público desviado.
Querem
que o povo morra a míngua em filas de hospitais por falta de médicos e
de leitos hospitalares que faltam devido aos milhões que saem dos cofres
da união, dos estados e dos municípios direto para suas contas
bancárias de maneira absolutamente descarada, blindados pela impunidade
da justiça brasileira, que permite que os "ladrões de colarinho branco" roubem milhões sem que nada
vos aconteça, mas se um pobre pegar um pacote de biscoito para alimentar um filho
com fome pode ter certeza que apodrecerá na cadeia.
Pra
completar, moramos em um lugar onde se mata mais que uma guerra, somos
um dos estados mais violentos do mundo, detentores dos piores
indicadores sociais do país, onde impera a corrupção, enquanto isso
ainda temos que ouvir que em sala de aula não é lugar de discutir
política. O que não podemos é defender lado partidário, mas a
importância da honestidade e de propostas concretas na hora de escolher
os candidatos, bem como os anseios da população não podem ficar de fora
dos debates escolares.
Com tudo isso acontecendo, será que a corrupção não deve ser discutida nas salas de aula deste país?
Se
mesmo assim não houver interesse da direção escolar e dos professores
cabe aos alunos trazerem o debate para âmbito escolar, claro que sem
atrapalhar a aula, pois cada coisa deve ter seu tempo e espaço, o que
não podemos é permitir que a escola se omita na discussão destas e
outras questões importantes, como; violência, drogas, prostituição,
alcoolismo, direitos e deveres.
De
todos estes temas, o mais importante na minha modesta opinião é
política e cidadania, até porque todos os outros são conseqüências e
nenhuma mudança é capaz de acontecer se não houver o dedo político,
desde que seja de políticos compromissados escolhidos pelo povo por seu
histórico de honestidade e de lutas a bem da população e não pela
riqueza que tenham na maioria das vezes roubado dos cofres públicos.
Somente
a juventude que não é o futuro que nunca chega, mas o presente que
vivencia será capaz de mudar esta realidade, caso contrário o que já
está ruim ficará pior, e olhar que estamos caminhado para isso, a
maioria dos jovens atualmente só pensam em vender o voto, incentivados
pelos pais e até mesmo pelos próprios professores que votam e fazem
campanha para os corruptos porque de alguma maneira se sentem
valorizados por eles, isso sem se importar com os inúmeros processos que
respondem ou até mesmo dos dias que passaram na cadeia por desviar
dinheiro do municipio para comprar votos e cumprir favores a aliados
políticos tirando da boca dos mais humildes o pão de cada dia.
Que espécie de educadores são estes que dão este tipo de exemplo a seus alunos?
Será
que o fato do político ser bom para ele e ao mesmo tempo péssimo para o
municipio ao ponto de enriquecer desviando dinheiro público fazendo do
mandato meio de “vida bandida” é o bastante para receber seu voto?
Não caia
nessa juventude, a sociedade está morrendo e só vocês poderão salvar,
exijam seus direitos e não se omitam as injustiças cometidas a seus
irmãos, pois isso sim isso é cidadania, isso sim é a verdadeira
educação.
José Marcio Rdodrigues Martins
Graduando em Matemática pela UFAL - Universidade
Federal de Alagoas, Blogueiro, radialista, ex-conselheiro
tutelar, palestrante, funcionário público efetivo
da Prefeitura Municipal de Canapi e jornalista
filiado a ABJ - Associação Brasileira dos jornalistas (nº Ass. 2005).