Um crime ocorrido no dia 13 de março deste ano ganhou repercussão no 
Estado, mas passados dois meses segue impune. O estupro sofrido por uma 
criança de apenas dez anos foi denunciado ao Conselho Tutelar da 7ª 
Região e comprovado através de exame de conjunção carnal. O acusado, 
companheiro da avó da menina, conseguiu foragir. O caso ganhou contornos
 ainda mais dramáticos quando a irmã da vítima, de seis, revelou também 
ter sofrido violência sexual cometida pelo mesmo homem. Um levantamento 
feito pelos conselheiros revela que os números deste tipo de ocorrência 
são alarmantes.
No dia 14 de março os conselheiros tutelares ouviram o relato sofrido 
de Mariluze Borges da Silva. A mãe revelava que sua filha se queixava de
 dores no órgão genital e que indagada sobre o que teria ocorrido para 
estar naquela situação acabou contando que o companheiro de sua avó 
tinha abusado dela sexualmente.
“A menina não sabia exatamente do que se tratava, mas disse à mãe que o
 homem teria passado a mão nela, tentado penetrá-la com os dedos e que 
no final consumou o ato. Pelo  estado que ela  estava  sem sequer 
conseguir andar direito nós já tínhamos certeza que o fato relatado era 
verídico, uma médica a atendeu e constatou inchaço no órgão, então fomos
 para o IML fazer o exame de conjunção carnal para comprovar e abrir 
inquérito”, disse o presidente do Conselho, Arildo Alves.
Quando chegaram ao Instituto Médico Legal que estava funcionado 
provisoriamente no prédio do Hospital Sanatório encontraram as portas 
fechadas e não conseguiram atendimento. O diretor do IML, Luis Mansur, 
entrou em contato para justificar a situação. Segundo ele, a médica de 
plantão estaria doente e teve que faltar. Um novo horário para receber a
 menina foi marcado.
O grande problema nessa situação é que apesar da gravidade da afirmação
 das crianças violentadas, nada pode ser feito sem a comprovação através
 do exame.
A delegada responsável pela Delegacia de Crimes Contra a Criança e o 
Adolescente, Bárbara Arraes, ouviu a criança e a mãe, mas disse não 
poder dar nenhuma informação já que o inquérito instaurado segue em 
segredo de justiça. O exame de conjunção carnal deu positivo confirmando
 o estupro e a prisão do acusado pedida, mas ele foragiu
.
“Quando o caso começou a ser investigado a avó da menina esteve aqui no
 Conselho e disse para não levarmos a sério as acusações feitas por sua 
filha contra seu companheiro. Ficamos chocados com o apoio dela ao 
acusado. Há pouco tempo ela pós a casa para alugar o que sugere que 
tenha fugido com o estuprador” disse Arildo.
A irmã da vítima, de seis, também foi ouvida pelos conselheiros e 
revelou que tinha sofrido o mesmo tipo de abuso. Um exame feito na 
criança comprovou que ela teria sido molestada, mas que o ato não foi 
consumado.
Dois meses após o crime ter sido descoberto o acusado segue foragido e a
 família amedrontada. As meninas se mudaram e foram morar com o pai. 
Elas seguem tendo o apoio de uma psicóloga.
Números assustadores
Casos como o das irmãs não são mais novidade, os números alarmantes 
crescem a cada ano. Em levantamento realizado pelos conselheiros apontou
 que em 2012 apenas na 7ª região cem casos de maus tratos foram 
registrados e outros sessenta de abuso sexual.
Este ano as denúncias de violência sexual confirmadas já somam doze 
casos, mas os números podem crescer ainda mais já que muitas estão sendo
 investigadas.
O quadro ainda revela um grave problema social, sendo a grande parte 
deste tipo de abuso sendo praticada por pessoas próximas a vítima, que 
moram ou frequentam a casa delas.
“Na maioria das vezes o crime é praticado pelo pai, padrasto, tio, 
primo, avô e vizinhos. São pessoas que fazem parte do cotidiano das 
crianças e são de inteira confiança das família”, finalizou o 
conselheiro.
Por: Cada Minuto