18/11/2013

Missionária da Assembleia de Deus conta como escapou da morte nas Filipinas

Imagem: Reprodução (BBC)

A missionária brasileira Lídia Caetano de Souza, de 63 anos, contou à BBC Brasil como escapou da morte em Tacoblan, cidade nas Filipinas que foi devastada pelo tufão Haiyan. A casa onde ela morava foi inundada, o nível da água chegou a sete metros e a força da correnteza fez algumas paredes desabarem.

“Quando a água começou a subir, escapamos pelo buraco do ar condicionado. Amarramos cortinas e lençóis para improvisar uma corda e com ela atravessamos a correnteza do quintal até a construção vizinha, que era de dois andares. Conseguimos ajudar quatro pessoas a atravessar, mas uma delas se afogou e acabou morrendo. Ficamos abrigados lá no alto até a água baixar”.

Lídia relata que foi caminhando três quilômetros desde a casa destruída até o aeroporto. “Não consegui salvar nada, só os documentos. Perdi tudo”, disse.

Pelo caminho, Lídia viu muitos corpos e animais mortos.

“O cheiro era insuportável, não há nada em Tacloban. É destruição para onde quer que se olhe”, descreveu. “Não tem nada lá, é só morte”.

Ela afirma que só consegui sair de Tacloban na noite de quinta-feira, cinco dias após o tufão atingir o país. Na quinta-feira ela foi levada num avião das forças americanas até a base aérea de Villamor, em Pasay City, na região da capital, Manila.

“Era um avião desses de carga militar, viajamos todos sentados no chão, agarrados às redes. Éramos umas 270 pessoas, sentadas apertadinhas”.

Na capital, foi acolhida por amigos e conseguiu tomar banho e comer uma refeição quente pela primeira vez desde a tragédia. Missionária há 20, dos quais 14 passados nas Filipinas, a religiosa trabalha para a igreja Assembleia de Deus em Jacarepaguá no Rio de Janeiro.

Solteira e sem filhos, os amigos filipinos eram sua família no país.

“Mas eu não tenho notícia deles, não sei como estão, nem se sobreviveram”, lamenta.

“A gente só morre com hora e dia determinado. Não adianta, se ainda não é a nossa vez, Deus salva. Olha eu aqui.”

Depois da tragédia a missionária pretende voltar ao Brasil com a ajuda da embaixada. Ela contou que vai passar o Natal e Ano Novo no Brasil, e voltar para a Ásia em janeiro. No entanto, ela não voltará às Filipinas, mas sim para uma nova missão no Camboja.

Fonte: G1